CLÁSSICOS FILARMÓNICOS -“Então ainda não falaste desta?”
Estaremos todos de acordo que “Manuel Joaquim de Almeida”, feitas as contas, será a marcha mais tocada em entradas, despedidas e não só.
Mas esse lugar tende, cada vez mais, a ser disputado por outra “marcha” que, na verdade, é um “pasodoble”, mas que o compositor sempre insistiu que fosse considerado “pasacalle”. Um “pasacalle” que já ganhou o estatudo de “Clássico Filarmónico”.
Só podia falar do, ou da, “Xàbia”, de Salvador Salvá Sapena.
Mas há alguém que nunca tenha tocado o, ou a, “Xàbia”?
No entanto, o fenómeno “Xàbia” extravasa a Península Ibérica.
É impossível saber quantas vezes o “Xàbia” foi executado em todo o mundo desde que foi publicado em 1976. Este “pasacalle” levou o nome da cidade Xàbia praticamente aos cinco continentes e tornou-se uma das referências mundiais na música deste estilo.
Mas qual é o segredo desse sucesso? Como é que “Xàbia” apaixona músicos, maestros e público, da Bolívia ao Cazaquistão? Na verdade, a característica mais importante da peça é a sua simplicidade.
Miguel Salvà, filho do compositor:
“Quando o meu pai começou a compor, era uma obra extensa, muito densa”.
Isso foi no início de 1976. Ao longo da primeira metade do ano, Salvador Salvà fez a banda Xàbia – da qual ele era maestro – ensaiar a música repetidamente. E foi retocando-o, simplificando-o, de mais para menos em comprimento, até encontrar a medida certa na introdução. Apesar de já ter quase 50 anos na época, começou a desenvolver a capacidade de criar harmonia, já que durante o seu serviço militar tinha contactado com grandes arranjadores. Em agosto de 1976, decidiu que a obra estava pronta, tendo sido publicada no final do ano.
“Xàbia” foi composto, justamente, para ser tocado pelas ruas durante as festas e começou a espalhar-se sem parar. Além de Espanha, a França foi o primeiro país em que esta música se enraizou. Foi rapidamente ligada ao mundo das touradas mas também a outros eventos festivos. E ainda está presente. Tanto que o pasodoble “Xàbia” serviu de banda sonora para o filme “Le fils à Jo” lançado com sucesso em 2010.
“Xàbia” também cruzou o oceano, primeiramente no México e espalhando-se à restante América Latina.
Essa fama mundial levou a que “Xàbia” fosse tocado em lugares tão distantes quanto a Ucrânia e até mesmo o Cazaquistão.
“Nem hino, nem letra”. A partitura de “Xàbia” destina-se apenas a isso, como música ligada à festa. Não é um hino. E não havia letra. O compositor criou-o apenas com música. As letras que estão atualmente anexadas à peça foram adicionadas por outros.
Salvador Salvà (Xàbia, 1927-2011) deixou a sua marca no Centro Musical Artístico de Xàbia, não só pela composição do “pasacalle” tão universalmente conhecido. Durante os 9 anos em que foi maestro (1969-1978), a banda viveu dois momentos históricos: primeiro, a incorporação de mulheres na entidade e, segundo, a primeira viagem ao estrangeiro, especificamente para a Alemanha.
Fonte: http://blog.xabia.org/el-secreto-de-xabia-el-pasodoble-que-emociona-en-todo-el-mundo/
Aqui fica na interpretação da Banda da Trofa, dirigida por Luís Campos, num registo de Damião Silva.