Muito se fala da corrupção no futebol, nomeadamente, daquela supostamente praticada pelo Futebol Clube do Porto, aquela de que todos falam, todos têm a certeza mas nunca ninguém conseguiu, até agora, provar.
No entanto, tem-se verificado desde meados da década de 90, uma forma diferente de influenciar os árbitros, nomeadamente pelos responsáveis do Sporting (desde a célebre referência ao “sistema”) e, ultimamente, do Benfica. Estou a falar da pressão antes e depois dos jogos.
De facto, quanto um árbitro é nomeado para um jogo do Sporting ou do Benfica, as altas figuras de ambos os clubes saltam de imediato para a praça pública, dizendo que o árbitro não presta, que vão ser prejudicados, etc., etc., etc.
Depois, no final dos jogos a cena repete-se… “como já se previa fomos prejudicados”.
Perante declarações como aquela que ouvimos ontem pelo responsável de comunicação do SCP, depois de um jogo em que ambas as equipas foram prejudicadas por erros de arbitragem, cria-se um ambiente intimidatório sobre todos os árbitros, fazendo com que o “desgraçado” que tiver o azar de apitar o próximo jogo do SCP, já o vai fazer condicionado, com medo do que virá depois do jogo.
Como disse antes, este fenómeno não é de agora. Lembro-me o célebre campeonato conquistado pelo Sporting em 1999/2000. O condicionamento indirecto exercido semanalmente através da comunicação social, viria a ter influência directa no resultado final desse campeonato. O mesmo aconteceu em 2004/2005, com factos ainda mais escandalosos, dado que a pressão do SLB (vencedor do campeonato) foi exercida não só sobre a arbitragem mas também sobre estruturas da Liga e até mesmo sobre clubes de pequena dimensão.
É claro que isto não explica tudo. 2004/2005 terá sido uma das piores épocas de sempre do FCP, mas mesmo assim discutimos o título até à última jornada. E é isto que distingue o FCP da concorrência lisboeta: quando não ganhamos, mantemo-nos na luta até ao fim.