O ano passado fui tocar à Maratona do Porto. Durante toda a manhã, ao ver milhares de pessoas a correr, a maior parte divertida e emanando felicidade, muitos com idade para serem meus pais e, até mesmo, meus avós, senti uma forte motivação para, também eu, entrar no mundo da corrida. Enquanto, dias depois, revia as fotos e vídeos dessa manhã, pensei: “Um dia vou com eles…”
Tudo isto, aliado à minha amizade com o maratonista Vitor Dias (www.correrporprazer.com), fez com que, três meses depois eu começasse a treinar 2-3 vezes por semana, repartindo as minhas corridas entre o Parque da Lavandeira e a zona balnear de Gaia. Daí até à minha primeira prova, foi um passo: Corrida do Dia do Pai, na qual, com muito esforço, fiz 6 quilómetros em 45 minutos. No fim da prova pensei: “Um dia faço isto em meia hora…” (e fiz, há duas semanas atrás, na Corrida dos Ossos Saudáveis!)
No final, completamente estourado mas satisfeito, decidi levar os treinos um pouco mais a sério e inscrevi-me de imediato para uma prova de 7km que iria acontecer em Junho. Disse para mim mesmo que iria treinar com dois objectivos principais: correr os 14km da Family Race (integrada na Maratona do Porto, Novembro de 2011) e, em 2012, poder fazer uma meia-maratona.
Um belo Domingo de Julho corri, em pouco menos de duas horas, 18km. Ao partilhar a minha felicidade com o Vitor ele diz de imediato: “Então podes fazer a meia-maratona do Porto, que é em Setembro. Mais uns treinos e tas pronto.”
E assim foi. No dia 18 de Setembro, com um misto de nervos e emoção lá andei eu a correr 21km e mais qualquer coisita entre o Porto e Gaia, com o objectivo de terminar a prova entre as 2h15 e as 2h30.
Já no último quilometro, na última curva antes da meta, vejo empoleirado nas barreiras de segurança o Gonçalo Dias (filho do Vitor) sorrindo e aplaudindo. Logo atrás estava o pai, de máquina fotográfica em punho, também ele a incentivar-me. Naquele momento, todo o cansaço acumulado ao longo de 20km pareceu desaparecer. Dias mais tarde, o Vitor dizia “O Pinheiro não devia estar muito cansado, vinha a rir-se.” Pois vinha… pois é esse o efeito da corrida: alegria, satisfação, prazer…
Terminei a prova em 2h06, surpreendendo-me a mim próprio e quase chorando com a emoção. Se me dissessem, há um ano atrás que eu iria correr aquela distância, naquele tempo e, acima de tudo, sentindo-me bem física e psicologicamente, eu não acreditaria.
Desde esse dia, ficou na minha cabeça a matutar um pensamento: “Será que consigo correr uma maratona completa?”.
Este Domingo, lá fui cumprir o meu objectivo de realizar a prova dos 14km. Ao chegar ao ponto do trajecto onde a minha prova retornava e a maratona continuava, pensei: “um dia vou em frente…”