Por vezes, os melhores reencontros de amigos e pessoas que marcaram a nossa vida dão-se nos locais mais improváveis.
Sábado passado, andava eu a tocar pela Trofa, quando vejo o meu grande Professor e Mestre: Saúl Silva.
Os anos passam por nós e, no primeiro contacto, não me reconheceu. Contudo, quando lhe disse o meu nome e onde tinha estudado, no seu rosto rasgou-se um sorriso e abraçou-me com intensidade.
Foi difícil, no curto espaço de tempo que em que estivemos juntos, colocar toda a conversa em dia. O nosso último reencontro tinha sido há dois anos, curiosamente na Trofa.
No entanto, lá fomos falando, obivamente, de música, bandas, maestros e o Professor Saúl lá aproveitou para me contar uma ou duas histórias, daquelas que há 10-15 atrás ele me contava e que me faziam sentir nele uma verdadeira referência de vida.
Curiosamente, descobri um forte elo de ligação pessoal entre ele e o meu actual Professor de Direcção.
No meio daquele emaranhado de memórias, algumas já meio dispersas pelo peso da idade, o meu Mestre sai-se com uma daquelas frases que são autênticas sentenças:
“Ó Pinheiro, como é que um tipo frio e sem coração pode ser maestro? Ele é frio e isso nota-se na banda. Não sai nada lá de dentro…”
Fiquei sem resposta. Como sempre fiquei sem resposta às declarações incontestáveis do Professor Sául Silva:
“Mexe-te! Mexe-te! Não te esqueças que os olhos também ouvem!”
ou…
“Os outros professores iam fazer de ti um clarinetista. Eu vou fazer de ti um músico!”
Como é bom conviver, nem que seja por breves minutos, com estas pessoas tão ricas, tão intensas, tão dedicadas. Um ser humano de excelência e sem preconceitos em partilhar a sua experiência com o Mundo.
Obrigado, por tudo, Professor!