Para ver obras na rua e na rua ver aqueles que não saem dos gabinetes.
Para ver quem não liga nenhuma a política, encher de política as redes sociais.
Para ver interessado, quem nunca se interessou, participativo, quem nunca participou.
Para as colectividades receberem ilustres visitas e todos possam “conhecer as dificuldades e anseios destas instituições.”
Para a cultura subir ao pódio e o desporto ser mais que futebol.
Para os velhinhos receberem miminhos e as criancinhas beijinhos.
Para que os projectos, as ideias, os programas, não caiam na gaveta.
Para que os habitualmente arrogantes, déspotas, nepotistas, de rosto austero, ganhem simpatia, gentileza e um sorriso, pelo menos, durante duas semanas… ou só mesmo para a fotografia.
Para a fotografia, para o cartaz e a bandeira.
Para o brinde, o folheto, o comício e a caravana.
Para o ruído que cresce e explode nas primeiras projecções.
Para o silêncio da manhã seguinte…
Para o silêncio que perdura durante quatro anos, não dure mais que uma manhã.