Pffff… é a interjeição que utilizo ao deparar-me com determinadas polémicas das redes sociais. A mais recente tem a ver com uma campanha publicitária de uma marca de cerveja, que eu desconhecia, mas que agora fiquei a conhecer.
Obrigado.
Não vou aqui reproduzir o que se tem passado com a Quinas. Vou contar uma história que aconteceu comigo, nos idos de 2007.
Ao departamento de marketing onde trabalhava foi lançado o seguinte desafio: criar uma campanha original que mostrasse de forma imediata que os nossos preços tinham baixado e que estavam mesmo baixos.
Começamos a trocar ideias em torno da palavra “baixo”. De baixo, passamos para abaixar e chegamos ao chão. Os preços estavam no chão. “Preços tão baixos que temos que nos abaixar para os apanhar!”
À volta disso, o Sérgio Duarte desenvolveu a imagem gráfica da campanha: um saco de compras no chão, entre as pernas de uma mulher, de saltos. Usamos um grafismo, nem sequer era uma foto.
Como fazíamos sempre, antes de colocarmos a campanha “no ar”, mostramos internamente a diversos departamentos da empresa. Toda a gente achou engraçado.
Então… siga! Ao fim do dia, lá ficou o nosso servidor a enviar a newsletter para mais de 200.000 endereços de email.
Na manhã seguinte, tinha uma resposta na minha caixa de email. Uma cliente de Coimbra escreveu uma longa dissertação sobre a campanha. Entre outras coisas, Aacusou-nos de sermos machistas, estarmos a incentivar a prostituição e por aí fora. Surreal.
A nossa reacção foi um misto de espanto e de riso. Como era possível, alguém olhar para um desenho de um saco de papel entre as pernas de uma mulher e dar-se ao trabalho de escrever tão longo texto, associando a imagem à misogenia, ao sexismo, à prostituição e a tantas outras coisas que em nada tinham a ver com o nosso objectivo?
Educadamente respondi, tentando esclarecer a senhora de todo o processo criativo e, é claro, mencionei que as mulheres da empresa tinham visto a campanha e que não tinham encontrado qualquer mal na mesma.
Para nosso novo espanto, nova resposta. Segundo a cliente, as mulheres não se opuseram por estarem oprimidas e coagidas pela entidade patronal. Mais acrescentou que a nossa postura era um incentivo à violência doméstica.
A minha segunda réplica foi mais curta e incisiva dizendo apenas que as conclusões que a cliente estava a retirar eram da sua exclusiva responsabilidade e que em nada tinham a ver com a nossa marca e com a nossa equipa.
Não valia a pena dar aso a mais debate.
12 anos depois, situações como esta são diárias. Na altura, achei apenas que a mulher era louca, mas na actualidade este género de indignações surgem por tudo e, principalmente, por nada.
Relaxem, divirtam-se e não levem a vida tão a sério. Nem tudo tem que ser uma questão, uma causa, uma luta. Nem tudo tem um “génio do mal” por trás. Apenas uma mente mais inocente do que a vossa…