(texto inicialmente publicado no Facebook, a 28 de Maio de 2021)
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.
“Pela Ordem e Pela Pátria” – Ilídio Costa
(texto inicialmente publicado no Facebook, a 27 de Maio de 2021)
“Rapsódia Húngara n.º 2” – Liszt
(texto inicialmente publicado a 26 de Maio de 2021)
“Capricho Varino” – Silva Marques
(texto inicialmente publicado no Facebook, a 25 de Maio de 2021)
“Filarmonia” – Afonso Alves
(texto inicialmente publicado no Facebook, a 24 de Maio de 2021)
“Casa de S. Paulo” – Ilídio Costa
/texto inicialmente publicado no Facebook, a 23 de Maio de 2021)
Glossário Filarmónico – Capítulo II
Autocarro
Meio de transporte;
Vestiário;
Sala de afinação;
Salão de jogos;
Ninho de amor.
Boleia
Aquela viagem com estranhos no carro, para um local que não sabes onde fica.
Chica
Banda com alguns problemas tímbricos, de afinação, rítmicos e técnicos. Fora isso… toca muito bem.
Dinâmica
Diferença obtida entre o Forte (f) e o Aço (fff).
Ver também “Intensidade”.
Estante
Objecto aparentemente inanimado, mas decididamente com vida própria. Nunca há em quantidade suficiente, o que leva a crer que há estantes que se baldam aos serviços.
As que aparecem, muitas vezes, recusam-se a subir, ou a descer e armam-se em esquisitas na hora de montar e desmontar.
Foeirada ou foirada
O mesmo que “Gaitada” (ver Capítulo I) mas em excesso de força e de forma intencional.
Ao contrário da “Gaitada”, também se aplica à percussão.
Técnica para a execução do papel de bombo do 1812, erradamente adoptada noutras obras.
Ganso
Quando vais a uma banda que não é a tua, ganhar o dobro e tocar metade.
Passar um dia inteiro com uma farda grande de mais, ou justa de mais.
Hoje há ensaio?
Há os distraídos e há sempre quem prefira ir ver a bola.
Intensidade
Força aplicada para obtenção da “foeirada”, “foirada” ou Gaitada (ver capítulo I).
As intensidades são 3, a saber: forte (f), fortíssimo (ff) e aço (fff).
Junta de Freguesia
Entidade especialista em sacar actuações de borla. “É para a terra, não vão levar dinheiro, pois não?”
Lairona
Peça de carácter ligeiro-popular-pimba que se tornou hábito tocar no final da despedida. Momento para a banda descomprimir o povo e o povo comprimir a banda.
Marchar
Acto de tocar em movimento, por papéis ilegíveis, a olhar para o chão, a evitar tropeçar nas escadarias, a fugir de buracos e tampas de saneamento. Tudo isto com o passo certo e alinhado pela frente e pela direita.
Daí não ser de estranhar que poucos o consigam fazer bem. Uma elite de privilegiados.
Noitada
Também conhecida como “festa com fogo”.
O cachet é maior, assim como as possibilidades de o gastar mal gasto.
No fim, uns dormem até casa. Os mais sortudos têm companhia no autocarro para continuar a fazer embocadura.
Quem leva o carro, está lixado, porque nem uma coisa nem outra.
O que tem a sair rápido?
Pergunta no restaurante quando tens pouco tempo para almoçar/jantar.
Papéis
Falta sempre, pelo menos, um.
- “Mas ainda na sexta-feira ensaiamos isto!
- Então ficou lá na banda…”
Qual é agora?
Frase muito ouvida nas procissões. Não impeditiva de alguém começar a tocar a marcha errada.
Ritmo
O maestro tem um, os percussionistas têm outro.
Solo
Tocar sozinho (não, não é isso que estás a pensar)..
Se corre bem é porque és o maior. Se corre mal a culpa é da palheta, do bocal, dos carrinhos de choque, da camada do ozono, do Trump, mas nunca da falta de estudo. Isso não…
Tá bom
Forma abreviada de “continua mal, mas temos outras coisas para ensaiar”.
Vira rápido
No tempo em que os papéis eram passados à mão, não havia cá essas mariquices de as viragens de página caírem em compassos de espera ou suspensões. Um gajo virava a página com uma mão e continuava a tocar com a outra. “Mai nada”;
Dança minhota.
Xiu!
O que ouves imediatamente quando te enganas a contar os compassos de espera. A correr bem, o teu colega de estante também se enganou e entram mal os dois. Se fores bom, arrastas o naipe todo contigo. Melhor ainda, é conseguir deitar a banda abaixo.
“Cantares de Sempre” – Valdemar Sequeira
(texto inicialmente publicado no Facebook, a 22 de Maio)