Não havia maneira de aquela noite arrefecer. O calor que, depois de um dia tórrido, vibrava ainda nas paredes, trazia ao meu corpo as memórias da nossa última noite. Uma noite com um dia de intervalo, para o meu corpo recuperar forças e para o meu coração recuperar a saudade.
Recordei cada centímetro da tua pele, cada olhar de ternura e paixão, cada gesto de entrega e partilha que só tu sabes criar.
Recordei a dança do teu cabelo e a força com que os teus braços me prenderam.
A noite não arrefecia e era eu que ficava cada vez mais quente. Desejo, amor, saudade… E eu ficava desperto, à tua espera…
Procurei-te no firmamento e calculei que não fosses tu a tímida estrela que brilhava sobre os montes.
Procurei-te no horizonte, ainda pintado pelo rubro do sol que se afasta.
Procurei-te na escuridão, mas o teu sorriso já mais se ofuscaria no breu.
Então, onde estarias tu?
Olhei para mim e vi-te finalmente.