Chegou a pensar ter decidido cedo de mais. Chegou a pensar ter cometido um erro. Mas a equação tinha sempre duas soluções.
Diziam-lhe que não, que era impossível: “só podes ter uma resposta certa”.
Mas ele tinha duas. Às vezes sentia-se confuso mas, a maior parte das vezes, sentia-se feliz. Adorava desenhar e redesenhar aquele triângulo. Sentia-se confortável por poder repousar sempre num dos lados, ou até mesmo nos dois.
Era um sistema complicado, arriscado, mas sempre com os mesmos valores de x e y.
Matemática pura. E ele que nem gostava de matemática.
Questionou-se muitas vezes. Seria necessário anular uma variável? Haveria algum lado desequilibrado? Às vezes ficava com um triângulo profundamente escaleno. Decidia remover um dos lados, mas só com duas linhas não há forma geométrica, não há aconchego, protecção.
Então, com régua e esquadro, redesenhava e contemplava o triângulo agora equilátero.
Poderia ter esperado por outras variáveis? Poderia ter simplificado ou complicado o sistema?
Talvez.
Mas nada seria como a equação com dois resultados.
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