Confesso-vos que, quando criança, tinha medo do Dia da Mãe.
Era preciso fazer algo na escola para oferecermos às nossas mães, mas o meu desastroso talento para os trabalhos manuais fazia com que chegasse a casa, quase sempre, de mãos a abanar.
Lembro-me de uma vez que deveríamos fazer uma flor em papel crepe, em torno de um arame. Nem a professora, nem os meus colegas me ajudaram e então cheguei a casa com um arame e uma tira de papel crepe.
E a minha Mãe colocava a fasquia muito alta, quer neste dia, quer no Aniversário dela: “não quero presentes, quero boas falas e boas obras”.
Chiça. Dar um presente é fácil. Compramos e pronto. Mas compreender como fazer a nossa Mãe feliz…
A minha, por exemplo, apesar de muito orgulhosa, nunca gostou da minha exposição pública. Lembro-me que, quando decidi organizar o primeiro Encontro de Coros, em Crestuma, com as V.E., ela deu-me na cabeça: “porque é que te metes nisso?”
Antes do meu concerto de estreia como maestro foi igual: “eles não tinham mais ninguém? porque é que tens que ser tu? só para te chateares!”, mas no fim estava muito mais feliz do que eu. Até elogiou a minha géstica.
Foi embora cedo de mais e de uma forma que ela própria não contava. Falo dela muitas vezes, porque tenho sempre presente, e cada vez mais, os seus ensinamentos.
Ainda esta semana alguém me dizia “levantas-te super cedo…”. E de me imediato lembrei-me de algo que tantas vezes ela me disse: “Não tens tempo para fazer tudo o que queres? Levanta-te mais cedo.”
O Dia da Mãe continua a não ser fácil, porque agora Ela não está cá. Nem sequer tenho à mão uma fotografia catita para partilhar convosco.
Mas a vida dá voltas e felizmente posso partilhar este dia com uma Mãe muito especial que, uma noite me disse: “A tua mãe é muito bonita!”
Amigos, guardem bem as vossas Mães no coração para que, um dia, quando eles forem embora, continuem convosco.