Nos últimos tempos, fiz algumas observações ao pequeno Mundo que me rodeia. Aqui ficam algumas notas a iniciar o novo ano, uma para cada badalada:
1- Beatriz Costa. Não estou a falar da grande actriz portuguesa do teatro e do cinema. Estou a falar de uma criança de 11 anos que se destacou num concurso de talentos da TVI. Desde o primeiro programa que a jovem “Bea” arrasou a concorrência e deixou a léguas de distância os outros petizes. Infelizmente, neste como noutros concursos, a votação é feita pelo público. Apesar de haver um júri (não sei a fazer o quê), quem decide o vencedor é o sistema de chamadas telefónicas. Infeliz e injustamente, Beatriz Costa não venceu. Contudo, o seu talento é grande e a História encarregar-se-á de fazer justiça. Assim espero.
2- O caso da pequena Beatriz é reflexo do que se passa neste país, nos mais variantes quadrantes. Em vez de talento, premeia-se a popularidade e o populismo. Não interessa ser bom, mas parecer bom. Não interessa construir, mas destruir o trabalho alheio.
3- E chegamos à política. Os políticos são (quase) todos mais ou menos hipócritas, mas mais hipócritas serão os que não são políticos mas querem ser. Isso nota-se quando a sua vida social muda radicalmente e começam a aparecer em tudo o que é evento público, ostentando no rosto um teatral ar sério, compenetrado e interessado.
4- Algumas “elites” politico-culturais são pródigas em afirmar “eles não fazem isto… eles não fazem aquilo”. Mas, quando “eles” fazem, esses mesmos críticos não se dignam a levantar o traseiro do sofá e abandonar o conforto do lar para participar nos eventos. Preferem, no dia seguinte, continuar a desfiar críticas em conversas de café.
5- E por falar em conversas de café, a participação do povo nos espaços públicos de discussão é quase nula (falo das Assembleias de Freguesia, Municipais, etc.). O debate político faz-se nas ditas conversas de café, por pessoas mal informadas e pouco esclarecidas. Em vez de factos, comentam-se boatos espalhados e geridos pela oposição que se alimenta (e alimenta) da ignorância do povo.
6- Nestas circunstâncias, a vida de quem abnegadamente e descomprometidamente tenta construir alguma coisa é difícil, pois nunca sabemos quem verdadeiramente está connosco. Nunca sabemos quem, de facto, está com as causas.
7- E temos que continuar a derrubar barreiras, passar noites sem dormir, caminhar com o coração nas mãos, pois nunca sabemos de onde vem mais um ataque, mais um obstáculo.
8- O que eles não sabem é que cada obstáculo ultrapassado dá-nos mais força para os outros que hão-de vir. Talvez fosse melhor ficarem quietos, assim não despertavam a nossa raiva e a nossa sede de vitória.
9- Diz-se por aí que falta profissionalismo no nosso país. É bem verdade: falta a muita gente a noção do que é compromisso, responsabilidade, respeito… Falta de profissionalismo? Eu diria falta de educação.
10- Os votos de Ano Novo são férteis em “Paz no Mundo”. Já pensaram que é talvez mais produtivo tentar semear a Paz à nossa volta?
11- O Hamas ataca Israel. Israel ataca o Hamas. Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? Acho estúpido que digam que a culpa é só de Israel, como acho estúpido que digam que a culpa é só da Palestina… Mas isto até estava sossegado antes do último ataque do Hamas.
12- 2009 vai trazer a versão portuguesa da revista Playboy. Já não era sem tempo e não estou a falar pelo conteúdo em si, mas pela mudança cultural que poderá trazer ao nosso país. Um tema para desenvolver no futuro.
Feliz 2009 a todos!
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