Então foste dormir e fiquei só. Naquela noite fria em que nem o fumo de um cigarro, ou o mais um copo de whisky me aqueciam.
Errei pela noite, como vagabundo perdido. Cambaleava na minha própria solidão, recordando como são doces os teus beijos, recordando como fazes o dia acontecer mesmo na noite mais tenebrosa.
Caminhava à tua procura, com a mágoa de saber que nunca te iria encontrar. Eras aquela estrela que brilhava, bem no alto do firmamento e que se afastava a cada passo.
Era impossível continuar em tão infrutífera demanda. Era hora de encontrar o caminho de casa.
E então senti de novo aquele calor acolhedor. Estático, permaneci imóvel em frente à televisão, mas em cada imagem era o teu rosto, em cada som a tua voz. Aquele hipnotizante aparelho nada mais me mostrava que as memórias dos nossos encontros, daquelas tardes de amor, de pele, de suor, de beijos e loucura. Via no ecrã os nossos passeios de mão dada, as brincadeiras de ternura, aquele pôr-do-sol infinito.
Adormeci contigo no pensamento e nunca mais quero acordar.