A série juvenil “Morangos com Açúcar”, quer se goste quer não se goste, sempre teve uma componente pedagógica debruçada sobre os problemas da adolescência/juventude.
Na sua mais recente série, que tenho oportunidade de acompanhar esporadicamente, é-nos apresentado o caso de uma mãe-adolescente e consequentes dúvidas e problemas que assolam uma rapariga nesta inesperada situação.
Como é óbvio, a questão do aborto veio à baila. Seria uma boa oportunidade para os argumentistas da série alertarem para a responsabilidade de um aborto, o uso de métodos contraceptivos, uma vida sexual informada e responsável, etc.
Contudo, o episódio de ontem dos M.A. foi um autêntico tempo de antena de propaganda ao aborto.
Vejamos:
– “Pai, agora já podemos abortar porque o aborto está legalizado!”
– “Uma mulher é livre de fazer o que quer com o seu corpo e ninguém a pode condenar!”
Estas frases foram proferidas num díálogo entre um pai, a sua esposa e a sua filha. Mãe e filha defendiam o aborto. O pai, ao manifestar-se contra esta prática, foi apelidado de extremista, atrasado e retrógrado.
Os argumentistas da série deixaram-se influenciar claramente pelas suas convicções pessoais e perderam uma boa oportunidade para esclarecer os jovens de que, apesar de legal, o aborto não deve ser praticado com leviandade. Felizmente, tiveram o bom senso de fazer com que a personagem grávida decidisse ter o filho. Contudo, a forma como o aborto, enquanto método contraceptivo, tem sido defendido nos últimos episódios, é escandalosa.
Aliás, a actriz que desempenha o papel de mãe-adolescente, declarou recentemente a uma revista que, se engravidassse nesta altura, não hesitaria em abortar.
Isto pode parecer chocante, mas não é. Os apoiantes no “Não”, durante a campanha para o referendo, alertaram que situações destas iriam acontecer. Mas, lá vinham os apoiantes do “Sim” a acusar-nos de hipocrisia e extremismo.
E é isto que vos digo.