Um dia
Voltei a escrever a lápis
Desliguei o computador
Desfiz-me da velha caneta
O lápis é genuíno
O lápis é melhor do que a vida
O lápis pode ser apagado
Tem consigo o estigma do rascunho
O lápis é natural
Naturais moléculas de carbono
O lápis é musical
Haverá som mais…
Mais…
Irrequieto que um lápis a dançar no papel?
O lápis morre
Vai escrevendo
Vai mingando
Vai ficando mais nosso
Como se ao imprimir-se no papel
Se transformasse num órgão do nosso corpo
Um dia
Voltei a escrever a lápis
Ele estava ali
E guiado por um impulso peguei nele
Estava tão afiado
Que de imediato
Abri o caderno e risquei
Risquei
Risquei
Risquei
Escrevi uma dezena de disparates
Com o lápis
Sobre o lápis
Sobre o papel
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