(texto inicialmente publicado no Facebook, a 9 de Abril de 2021)
Toda a gente aprecia uma boa espanholada. Sabe bem uma boa espanholada, principalmente no concerto da noite, antes de a coisa virar para o ligeiro.
“A Lenda do Beijo” deve ter sido das espanholadas mais tocadas e, felizmente, ainda se ouve por aí. Mas a tradição da espanholada tem-se perdido um bocadinho e isso deixa-me triste.
Nos anos 90 era mais frequente ouvirmos obras como “La Torre del Oro”, “La del Soto del Parral”, “As Bodas de Luis Alonzo”, “Aires Andaluces” ou as “Malagueñas” (não tenho a certeza que este fosse o título principal), peça óptima para exibir um trompetista virtuoso.
Nos últimos anos, este género de reportório tem sido substituído por obras mais “comerciais” dos compositores da moda da vizinha Espanha. Honestamente, apesar de serem obras com impacto, não me caem no goto, porque soam todas iguais. Os mesmos ostinatos, os mesmos recursos orquestrais… encontramos compassos exactamente iguais em diferentes obras do mesmo compositor. Mas isso são outros quinhentos.
Vamos aproveitar esta espanholada…
(não exagerei no uso da palavra “espanholada” pois não?)