(texto inicialmente publicado no Facebook, a 10 de Abril de 2021)
Não… nem tudo são rosas ou memórias doces… Hoje, partilho convosco uma espinha na minha garganta filarmónica.
Depois de obras ligeiras, uma marcha de concerto, uma zarzuela, queria inserir nesta rúbrica um calhau mas, a verdade, é que os calhaus permanecem vivos e a fzer furor. Não encontrei, assim de repente, uma calhausada que esteja no esquecimento. É certo que já há bandas a abdicar das transcrições de orquestra e do reportório mais “clássico” mas, no geral, acho que 1812, Tannhouser, Rienzi, Inferno, Juízo Final, Capricho Italiano, ainda andam por aí bem pujantes.
Contudo, lembrei-me da “La France”, obra de um tal de Briot, que toquei inúmeras vezes, a maior parte delas contrariado. Quando o maestro dizia “La France”, “La France Suite”, ou “Suite La France”, estragava-me o dia.
Supostamente, é uma suite, mas mais parece algo como “variações sobre a Marselhesa”.
Era (e acho que ainda é) usada como abertura, principalmente por bandas que não tinham arcaboiço para tocar os calhaus mais pesados. Ou então, estava na capa para encher reportório ou para uma emergência.
À distância, continuo a achar a obra aborrecida, mas partilho pelo seu valor nostálgico e simbólico, no panorama filarmónico do século XX.