(texto inicialmente publicado no Facebook, a 7 de Junho)
Hoje estou um bocado amargo…
Na literatura, não podemos pegar num texto numa língua estrangeira, metê-lo no Google Translator e considerar que está traduzido. É preciso dominar a língua estrangeira, compreendê-la como se fosse a nossa língua, compreender o sentido do texto e, só depois, transpô-lo para o nosso idioma.
Assim é, ou deveria ser, com os arranjos de temas pop-rock.
No seu “Inuuendo”, Jorge Salgueiro, não se limitou a “arranjar”.
Entrou no tema, compreendeu-o, sentiu-o, viveu-o e depois veio cá fora contar-nos o que viu lá dentro. E o que viu foi belo. Freddy Mercury a dançar o bolero de Ravel com a Carmen.
Mas… há o reverso da medalha. Por se tratar de um tema “ligeiro”, algumas bandas acham que é fácil. Depois dá asneira. Achar que o “Innuendo” é fácil, é desconhecer Queen e desconhecer Jorge Salgueiro.
“O tema Innuendo, de 1991, é uma composição de cerca de sete minutos (na sua versão original) que transpõe os limites do pop-rock. Fazendo uso do modo frígio de inspiração cigana, que no início surge ainda em ambiente rock, deixa adivinhar desde logo uma segunda secção assumidamente flamenca. Não é por acaso que o arranjo de Jorge Salgueiro, escrito em 2000, recorre à técnica da citação, encontrando-se nele breves referências à Carmen de Bizet e ao Bolero de Ravel – obras de clara inspiração espanhola.” in site oficial da Casa da Música.
Aqui na cuidada interpretação da banda de Gueifães, dirigida por Abílio Teixeira. Gravação: Afinaudio