As novas gerações terão uma certa dificuldade em compreender que, durante os anos 80, era frequente vermos no telejornal peças noticiosas dedicadas a épicos confrontos de Xadrez, nomeaedamente entre Garry Kasparov e Anatoly Karpov.
Eram também os tempos da Guerra Fria, os ABBA tinham acabado, a secção masculina da popular banda sueca estava refém da sua criatividade e ajudou o letrista Tim Rice a dar vida a um antigo projecto seu, através de um álbum conceptual, intitulado “The Chess”. À semelhança de obras como “Jesus Christ Superstar”, o álbum viria a dar origem a um musical (podem procurar mais sobre o mesmo na Wikipedia).
Não sendo daqueles musicais que enchem o ouvido, é composto por um bom punhado de temas nos quais Johan de Meij pegou e compilou num extremamente bem conseguido poema sinfónico. À semelhança do que escrevi sobre “Miss Saigon”, “Highlights from Chess” é bem mais que um simples medley. Aqui há anos, num curso de direcção, o maestro Vilaplana referia até que acha mais brilhante este “arranjo” para banda, do que o próprio musical em si.
Esta obra chegou às bandas na mudança de século e integrou um leque de composições que nos fizeram compreender que uma banda até pode soar de maneira diferente; que, por vezes, temos que utilizar teclados e outros instrumentos menos “tradicionais” e que até podemos encontrar calhaus no reportório mais “ligeiro”.
Não é daquelas obras que se ouça muito em arraial, é verdade, resultando melhor em concerto, mas é boa, muito boa e merece este destaque.
Aqui fica na interpretação da Banda Musical de Melres, sob a direcção do meu amigo Prof. Luís Macedo, num registo do inefável Damião Silva.