(texto inicialmente publicado no Facebook, a 29 de Maio de 2021)
O violoncelo é um instrumento espectacular. Tão espectacular que Rossini espeta-lhe um longo solo, com acompanhamento do naipe, no início da abertura da ópera “Guilherme Tell” e, muito provavelmente sem saber, espetou uma dor de cabeça naqueles que se aventuraram em transcrever essa abertura para banda.
Ao longo dos meus 27 anos como músico filarmónico, já ouvi de tudo um pouco para aquele início: sax-barítono + bombardino + sax tenor + clarinete; bombardino, fagote… sax-alto.. oboé, requinta, flauta… Dá para tudo. A verdade é que não é fácil. A tecitura do violoncelo permite esticar muito, sem problemas de embocadura.
De todas as soluções que por aí circulam, a mais sábia terá sido do maestro Fernando Costa, que colocou tudo ali nos saxofones.
Questões orquestrais e organológicas à parte, esta é daquelas que resulta bem na banda, principalmente se a banda até tiver um Corn Inglês para a secção pastoral. E se a banda tiver um flautista que não se cuspa todo… e trombones dispostos a ter uma luxação…
Tem tudo para correr bem a partir da cavalgada dos trompetes… “The Looooooone Ranger!”, os clarinetes que se lixem a dar ao dedo, que o povo gosta disto.
Agora a sério: gosto muito do Guilherme Tell e foi daquelas obras que nunca me cansou.
Aqui fica na leitura da Banda dos Arcos, dirigida por Gil Magalhães:
E, já agora, na leitura de Claudio Abbado, pela Filarmónica de Berlim (só por causa do impressionante solo de violoncelo)