Subverti, propositadamente, o ditado popular.
Cresci a ouvi-lo demasiadas vezes. “Menino de coro”, “coninhas”, certinho e direitinho, a minha rebeldia era o humor e ultrapassar os seus supostos limites.
Os comentários inconvenientes e de mau gosto. Mais uma acha na fogueira dos que me rotulavam, sistematicamente, como mal educado.
(a minha aversão a beijinhos e passou-bens teve o seu corolário na Pandemia: obrigado COVID.)
“E se fosse contigo?”. Fiz uma piada no velório da minha mãe e a minha única pena foi ela não ter ouvido… ou será que ouviu?
Ela que, tantas vezes, entre gargalhadas abafadas me repreendia: “Ó filho, isso não se diz.” Mas eu sei ler olhos melhor que o Daniel Oliveira, e os olhos da minha Mãe diziam: és lixado.
Há um texto muito bom do Guilherme Duarte sobre os limites do humor ou a sua inexistência. Procurem, que eu não tenho paciência… está algures no Sapo.
Supondo a existência de um Deus, “clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia”, como podemos igualmente supor que ele se ofende com uma piada?
É estranho, quando O Próprio, assume um sentido de humor tão acutilante.
Só um Deus divertidíssimo poderia polvilhar o Mundo, numa época em que a ciência e a tecnologia caminham para a Singularidade, de crominhos anti-vacinas, “terraplanistas” e outros “istas”.
Quando cientistas trabalham ao nível da nanotecnologia, nanorobótica e outros “nanos”, “ias” e “óticas”, vêmo-los a desfilar, ostentando a sua ignorância, como bandeira do seu orgulho: as vacinas que provocam autismo o 5G que visa controlar-nos a todos, o COVID que é um embuste, a Terra que termina ali na Corunha, a objecção de consciência ao Humanismo.
E Deus no seu Trono a rir-se.