(texto inicialmente publicado no Facebook, a 24 de Maio de 2021)
Há coincidências…
No meu planeamento de publicações hoje estava a “Filarmonia” de Afonso Alves. E, quando fui procurar vídeos, encontrei um da Banda da Póvoa, dirigida por um dos mais assíduos frequentadores deste espaço, o Paulo Veiga. E não é que o Veiga faz anos hoje?
Mas, antes de dar os parabéns ao Veiga, uns bitaites sobre a “Filarmonia”.
Aqui há anos, perguntei ao Afonso o porquê das tonalidades fora do comum que usa nas suas marchas. Respondeu-me que Amílcar Morais ensinou-o que cada nota tem uma cor e é papel do compositor escolher as cores que quer usar nas suas obras.
A “Filarmonia” tem muita cor. E é curioso que é a antítese da maior crítica que costuma ser apontada ao reportório do Afonso: o excesso de repetições.
Pelo contrário, esta marcha tem uma quadratura fluída, sem voltas e voltinhas, sem o habitual “forte central”, saltando do primeiro tema para o segundo (e último), sem o tantas vezes desnecessário salto ao S, com uma ponte épica antes do forte final e com um final não muito habitual nas marchas portuguesas.
Talvez por todos estes ingredientes seja das marchas mais tocadas nas nossas entradas e despedidas.
Aqui fica na interpretação da Banda da Póvoa, sob a regência (“adoro” esta palavra) de Paulo Veiga, insigne representante da ínclita geração de 79.