Ou melhor dizendo: “Escravo procura-se”.
Cheira-me, palpita-me, tenho uma ligeira impressão, de que o país está a ser gerido à base de estágios não-remunerados.
Há meses que, diariamente, consulto anúncios de recrutamento e, com uma frequência impressionante, esbarro em anúncios de “Estágios não-remunerados” ou “Estágios curriculares”.
Bonitos eufemismos, estes…
Passo a explicar: em todas as empresas há tarefas chatas que ninguém quer fazer. São chutadas de um lado para o outro até alguém chegar à conclusão de que, apesar de tudo, é necessário cumprir com essas tarefas. Mas, se ninguém quer “sujar as mãos”, como se resolve este problema?
Contratando um estagiário, de preferência a custo zero.
Os jovens universitários adoram estes estágios, vendidos pelos seus respeitáveis professores como “portas de entrada para o mercado de trabalho”. O problema, é que a maior parte desses respeitáveis professores nunca trabalharam na vida e, de forma irresponsável, mais que professores, são vendedores de sonhos.
Conclusão, o estagiário, na prática, é um escravo. Trabalha de borla (às vezes, nem as despesas de transporte e alimentação lhe são asseguradas), faz o trabalho que mais ninguém quer fazer e depois, findo o período do estágio, recebe um chuto no rabo “muito obrigado e bom dia.”
No dia seguinte, mais um escravo é contratado e as empresas lá vão sobrevivendo…
“Case Study”
Na empresa onde trabalhei durante seis anos, por causa da crise, foram despedidas dezenas de pessoas, em meados do ano passado. Poucos dias depois, a dita empresa começa a publicar anúncios de “Estágio não remunerado”.
“No further questions, your honour…”
Comments
3 Comments
RSS