Foi uma Primavera como nem a própria Natureza sonhara algum dia criar. O Mundo sorria e transformava-se para receber a vida. Eram cores, odores e sabores que inspiravam poetas e faziam música brotar do silêncio. Ternura.
Veio o Verão e o calor espalhou-se pelos campos. O Sol brilhava no céu, como grande imperador de um império invisível. Eram irrequietos riachos que retemperavam os seres vivos nos momentos extenuantes, antes do repouso merecido sob frondosas árvores. Fulgor
E foi no Verão, debaixo de um céu ornado de estrelas, que o Outono foi anunciado. As árvores despiam o seu vestido verde e puramente nuas guarneciam-se de jóias douradas e escarlate. A Natureza assumia uma beleza diferente, sem o fulgor do Verão, sem a ternura da Primavera, mas incorporando sentimentos de dias passados. Memória.
Chegou o Inverno e o frio apoderou-se dos recantos que ainda permaneciam aquecidos pela Memória do Verão. Tudo é gelo e nada mais resta a não ser fugir, esconder, hibernar e aguardar que a saudade faça voltar a Primavera.