Éramos.
Poderíamos ser a seita, o grupo, a comandita, ter uma designação ou um nome qualquer. Mas simplesmente éramos.
Um laço misterioso nos unia. Para todo o lado, por todo o lado. Nas salas, nas escadas, em qualquer recanto do Conservatório, das sedes das nossas bandas e cafés adjacentes.
Quando não tocávamos todos juntos, íamos aos concertos uns dos outros e, no final, parávamos sempre no mesmo sítio.
Mal entrávamos, o rapaz já sabia que teria que servir “Príncipes” a todos, bastava confirmar o número de Cachorros, assim as parcas poupanças o permitissem.
Dos bolsos saía um ou outro cigarro.
E ali estávamos.
Um dia eu não tinha dinheiro. “Vamos à Praia de Salgueiros, tem lá um Bar fixe.”
“Mas eu não tenho dinheiro…”
“Não é por causa disso que vais deixar de curtir com o pessoal…”
E eu fui. E ele pagou… a mim e a toda a gente.
“Não é por causa disso que vais deixar de curtir com o pessoal…”
E eu fui. E ele pagou… a mim e a toda a gente.
“Tu és tolo!”
“Gosto de ver o pessoal a curtir!”
A vida levou-nos para pontos distantes. Cruzamo-nos por aí. Porque o laço misterioso, chamado “Música” insiste em aproximar-nos.
“Gosto de ver o pessoal a curtir!”
A vida levou-nos para pontos distantes. Cruzamo-nos por aí. Porque o laço misterioso, chamado “Música” insiste em aproximar-nos.
Alguns são Maestros, Professores; outros apenas músicos nas horas vagas.
Casados, com filhos, sem filhos e recasados.
A Vida passou, mas quando os junta o tempo recua. Voltam a ser, aqueles.
Aqueles que, quando entravam no Conservatório ao sábado de manhã, os alicerces tremiam.
Alicerces em sentido lato do termo.
Casados, com filhos, sem filhos e recasados.
A Vida passou, mas quando os junta o tempo recua. Voltam a ser, aqueles.
Aqueles que, quando entravam no Conservatório ao sábado de manhã, os alicerces tremiam.
Alicerces em sentido lato do termo.
Ficavam por ali o todo dia. Mesmo que não tivessem uma única aula. Havia sempre uma sala livre para sessões de estudo colectivo (bonito eufemismo para descrever o que se lá passava…), havia sempre uma mesa no café e o centro comercial ali ao lado, com a apetecível sala de jogos a desviar-nos a assiduidade e os últimos trocos na carteira.
O tempo passou.
Já não há a sala de jogos. Há empregos, trabalho, famílias, responsabilidade. Mas também há por aí “Príncipes” e Cachorros: à Festas e Romarias onde o laço misterioso nos junta.
Texto dedicado a todos os meus amigos do Conservatório Regional de Gaia, nomeadamente aos colegas da Orquestra de Sopros e das quatro bandas filarmónicas de Gaia.