Parece que já houve cavalos, ou burros, que anteciparam o tiro de partida, galgaram a cerca e foram para a rua de Santa Catarina, formar uma gigantesca fila à porta dessa loja de bens essenciais, de seu nome Zara. Sabemos que depois da pandemia, o “tuga” não volta a comprar nas lojas dos chineses, mas nas espanholas “no pasa nada”. Ole!
Portanto, ao fim destes 67 dias, o que fazia falta mesmo, era roupinha. Imagino o que terá sido dentro da loja.
Terá sido algo equivalente ao que se passou algures em Lisboa, onde adeptos dos dois maiores clubes lá do sítio já andaram a matar saudades e a “matar-se” uns aos outros… E ainda faltam duas semanas para o campeonato reabrir. Isto sim, é o regresso à normalidade.
Regresso à normalidade que nos coloca a todos entre a espada e a parede. Entre a espada e a parede é uma bela canção do Abrunhosa, mas é, acima de tudo, um sentimento que flutua sobre as nossas vidas.
Quando era criança e, pela primeira vez, ouvi esta expressão, imaginei de imediato alguém, encostado a uma parede, com uma espada apontada ao abdómen. É claro que não podemos andar para trás (parede), nem para a frente (espada), mas podemos andar para o lado, ou não?
Eu acho que o verdadeiro significado da expressão reside mesmo aí, no facto de, permanentemente, termos de andar para os lados, como se de um precepício se tratasse.
Ocorrem-me também os filmes sobre a Roma antiga e o processo motivacional dos escravos. Se páras: levas com o chicote. Se levas com o chicote: ficas debilitado. Se ficas debilitado: páras mais. Se páras mais: levas com o chicote.
Faz-vos lembrar alguma coisa? É-vos familiar? Pensem nisto. E pensem no que é pegar na vida com pinças.
Bem, por hoje é tudo, eu ainda tenho roupa para este Verão, portanto estou safo.