Esqueçam. Não vai ficar tudo bem. Nem tudo mal. Vai ficar tudo na mesma. Já passou. Já está longe. É só em Lisboa agora.
Mas nem é o vírus que chateia. É a humanidade, ou a falta dela.
É o inenarrável assassinato do George Floyd e o aproveitamento político e social do mesmo. E se o George Floyd fosse branco? Amarelo, rosa, azul? Haveria posts, artigos, dissertações? Ou seria mais uma vítima do musculado sistema policial americano? Tiraríamos uma selfie ao lado do cadáver com uma bonita hashtag? Ou passaríamos ao lado?
São os combates entre claques…
É o egoísmo. O egoísmo nas suas mais variadas formas. Em todas.
A pandemia não revelou um mundo melhor, não mostrou o melhor das pessoas. Pelo contrário, mostrou quanto podemos ser maus.
Esqueçam.
Nos supermercados já toda a gente se atropela e empurra. A desinfecção das superfícies ocorre quando alguém se lembra. E num parque espaçoso, cheio de lugares vagos, as pessoas continuam a estacionar em cima das linhas.
É impossível «retirar ilações absurdas de uma situação excepcional”, porque ficou tudo na mesma.
Continua a haver quem seja anti-vacinas, a negar as mortes e a dizer que isto foi tudo uma “campanha da comunicação social”.
E há quem continue a ser mau. Já não sei quantos cães mortos num saco, em Bragança. Nem os animais inocentes escapam à estupidez humana.
Vai haver uma procissão em Matosinhos. Num formato especial, dizem. Acredito. Mas uma banda filarmónica vai tocar, num autocarro, 22 músicos. Estarão em segurança? Acredito. Mas fica o desprezo moral e ético por todas as filarmónicas deste país que continuam com as estantes fechadas, as partituras na pasta e os instrumentos no saco. Acredito.
Sabem uma coisa? Que se lixe! Salve-se quem puder. O juíz de partida está com a pistola no ar, mas já todos os cavalos arrancaram e nem há pista. Cada um vai como quer, por onde quer. A meta é o in finito. A sociedade já não é sociedade.
Nós é que somos bons, nós é que sabemos e à nossa volta é terra queimada.
O mundo não acabou, nem mudou. Continua a mesma merda.