Ao cabo de 64 dias de confinamento, Portugal parece uma bomba relógio ou a linha de partida de uma corrida de cavalos, presos nas caixas de arranque, ansiosos por largar a toda a brida.
E a loucura está instalada, ou re-instalada, depois de um reboot que muitos agora dizem ter sido desnecessário. Prognósticos só no fim do jogo. Mas parece que o jogo ainda não acabou e o Manchester United já ganhou uma Champions quando tudo parecia perdido. E noutra época, o Liverpool saiu para o intervalo a perder 3-0, mas foi buscar o caneco nos penalties.
Futebolices à parte, parece que a malta quer é mesmo bola.
Coisa boa desta quarentena foi a pausa no futebol. Digo eu, portista fanático, mas para quem o futebol lusitano já pouco, ou nada, diz.
Triste fiquei pelo fim que deram ao Andebol. A época soberba do FCP merecia melhor desfecho. Quando muito, uma “finalíssima” com o Sporting, dado que todas as restantes equipas estão, a nível qualitativo, muito longe destas duas.
E por falar em Desporto, o mundo da corrida está em suspenso. Poucos acreditam que, até ao final do ano, voltem a haver provas.
Provas, teremos todos nós que enfrentar nos proximos tempos. Há uma semana, o país acordava em pânico com as medidas anunciadas para a reabertura das creches. Já dissertei sobre o assunto na minha página de Facebook mas, para fechar o mesmo, digo apenas que a creche do meu filho, um lugar tipo Hogwarts, tem as melhores educadoras do Mundo. Não entraram em pânico, não desataram a “malhar” no Governo, não encheram as redes sociais com mil e um queixumes. Falaram com os pais e tranquilizaram-nos. Não é que eu precisasse, mas soube bem. Força, Isabéis!
E ontem foi o dia da Família. Numa troca de fotos no grupo de WhatsApp da creche, fiquei imensamente feliz por ver que há várias famílias com filhos “importados” e “partilhados”. Uma realidade cada vez mais comum e salutar. Vivam as famílias, sejam elas como forem, mesmo que não seja como o CDS quer!
E não deixa de ser curioso que o dia da Família surja em pleno caso “Valentina”, que nos deixou a todos em choque e com vontade de esventrar aquela dupla de assassinos. Por mal comparado que seja, deveríamos todos aproveitar para reflectir a nossa postura perante tudo na Vida.
Vida com V maiúsculo que, de forma natural, regressa à “normalidade”, seja lá o que isso for. É claro que muitos querem já soltar a rolha do champanhe, ou abrir as cancelas para os cavalos em fúria.
Mas, os cavalos também se abatem e nós vivemos em sociedade. Por muito que custe ao Observador, à Iniciativa Liberal (partido em que votei e pelo qual nutro sincera simpatia), às “tias” de cascais, às “Sheilas” da Póvoa, aos gunas e sopeiras de ginásio, repito, vivemos em sociedade e, mais do que nunca, os egoísmos devem ser postos de parte.
Digo eu, egoísta assumido, filho único, mas que há muito aprendeu que o nosso “Eu”, por vezes, tem que viver num universo paralelo. Vejam a “Teoria do Big Bang” para aprenderem isto e a Teoria das Cordas.
Por hoje, fico por aqui. Nos próximos dias continuarei a escrever sobre estes “Dias do Fim”.