Raquel Varela (sim… hoje disse o nome) continua na sua saga “isto ’tá tudo mal, só eu é que sei, porque cito intelectuais norte-americanas”.
Desde o início da pandemia / confinamento / quarentena, não há nada que a mulher não ataque. Desta vez, confiro-lhe alguma razão no propósito: as crianças não podem ficar ad aeternum em ensino à distância, o mesmo é apenas uma solução de emergência e, pensar em perpetuar o mesmo, sem data de fim, pode não ser boa ideia.
Estamos todos de acordo e é um bom tema de escrita. Se, a Dra. Raquel, tivesse dedicado a sua prosa a isto e a fundamentar o seu ponto de vista, teria sido, sem dúvida, pertinente e assertivo.
Mas não. Raquel Varela, sendo Raquel Varela, precisa de encontrar algo de monstruoso por de trás de qualquer coisa que ela não concorde. Vai daí, despiu o fato de investigadora e docente universtitária e vestiu o disfarce de teórico da conspiração. Ou então, abandonou a tertúlia académica, para se juntar a uma conversa de café.
Resumindo, segundo a escriva, a culpa disto tudo é toda das empresas de venda de hardware e software que têm um lobby poderosíssimo, que manipularam o Governo, para que as aulas à distância continuem.
(pausa para meditarmos…)
Juro, mas juro mesmo, que ao ler, imaginei Raquel Varela a abdicar da sua pose permanente de “tia de Cascais” e vestida à trolha, com a máscara no queixo, a fumar Português Suave à porta de uma tasca, mini pousada no chão, com uma mão a coçar as partes baixas, enquanto cuspia esta alarvidade.
Grande parte da minha carreira profissional está ligada à informática de retalho. É um mercado duríssimo, onde são praticadas margens de lucro baixíssimas.
É verdade que, no cenário da pandemia, o teletrabalho e as aulas online vieram permitir que muitas destas lojas se mantivessem à tona e assegurado postos de trabalho. Grande parte desses postos de trabalho são mantidos com o salário mínimo, ou pouco mais, porque as margens são permanentemente esmagas pelo mercado.
Mas daí, até ao ponto onde a Dra. Raquel Varela quer chegar, vai uma grande distância. Ou então, deterpou-se a relação causa-efeito em prol de um ponto de vista.
Não seria grave se fosse feito pelo “Zé Trolha”, numa conversa de tasca. Mas uma investigadora, com responsabilidades académicas, devia ter feito mais e melhor, evitando vilipendiar uma área da nossa economia, daquelas que mais dificuldades enfrenta diariamente.
Mudando de assunto…
O pessoal anda todo comido da cabeça. Um conhecido meu que passa a vida a criticar a OMS, o Governo, o Capital, tudo e mais alguma coisa, publicou um texto a defender a OMS. Tudo porque o gajo não quer usar máscara.
Temos pena, o Mundo não gira à tua volta.
E é mesmo isso: o Mundo não gira à nossa volta. Gira com todos nós em cima.
Segundo o jornal Público, 180.000 pessoas estiveram nas praias da Costa da Caparica ontem. Acredito que todas disseram: “eu vou à praia, porque vou sozinha, não vai mais ninguém e eu sei manter a distância de segurança.”
E parece que, um pouco por todo o país, o cenário foi, mais ou menos, idêntico.
Repito: o Mundo não gira à nossa volta. Gira com todos nós em cima.