Primeiro uma
Depois outra
Num corropio chilreado, fram chegando…
Chegando para partir
Para levar consigo a frescura da Primavera
A alegria do Verão
Vieram à minha porta
Fazendo de conta que não chovia
Dizer adeus
Como notas saltitando na pauta
Saltitavam de fio em fim
Levantavam e pousavam
Rodopiavam no ar
Como dança apoteótica
De um cabaret luminoso
A luz, essa
Apenas nos faróis dos carros
Que violavam as entranhas da chuva
A chuva não parava
Nem parou
Para também lhes dizer adeus
Primeiro uma
Depois outra
Voaram
Voaram e no seu ninho ficou a saudade
A saudade de te ver sorrir no meu jardim
A saudade dos teus dias longos em que acordavas para me beijar
A saudade das noites perdidas em palavras de amor
A saudade da loucura que é penetrar nos teus olhos e dizer: “amo-te!”
Elas voaram mas tu ficas
E a cada dia que passa ficas mais dentro de mim
Presa, amarrada, cativa…
Elas voam no céu
Tu voas no meu coração
Na minha mente, no meu ser
Voas, porque és bela de mais para estar presa ao chão
És a mais graciosa e delicada ave que a Natureza criou
Porque não partes…
Acolhes-te no meu peito…
E quanto mais perto estás
Maior é a saudade que sinto
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