(texto publicado inicialmente no Facebook, a 20 de Abril de 2021)
Quando somos novos, rebeldes e irreverentes, criamos anticorpos contra um certo tipo de obras. Por serem “ultrapassadas”, por não cativarem, por mil e um motivos, a maior parte deles, absurdos.
Depois, olhamos para trás e vemos que, afinal, não aproveitamos devidamente pequenos pedaços de música bonita.
Toquei “De Cádiz a Tanger”, uma ou duas vezes, não me lembro de mais porque, lá está, à partida já estava a por na borda do prato.
Infelizmente.
Esta pequena fantasia de Miguel Oliveira, é mesmo uma pequena jóia no reportório filarmónico.
O Nelson Jesus é dos mais criativos, inovadores e irreverentes compositores para banda, a nível mundial. Por isso mesmo, é uma delícia vê-lo a dirigir este clássico, mostrando-nos que, sem passado, não há futuro.
Na biografia de Miguel Oliveira pode ler-se: “Da sua obra destacam-se as Marchas e as Fantasias, caracterizadas por constantes mudanças rítmicas e harmónicas. Nas suas composições distingue-se, igualmente, o emprego de materiais e de uma gramática musical que têm como principal referente a Espanha, nomeadamente a Galiza, e o Norte de África, duas regiões onde o Compositor viveu, de que são exemplo as obras Sonho Oriental; Minho e Galiza e De Cadiz a Tânger.”
Aqui estão 5 minutos de música que dispõem muito bem, numa chuvosa manhã de Primavera. “A seguir temos intervalo para a Missa.”