Depois do sucesso que foi a rúbrica “Consultório Jurídico”, que chegou a ter ecos em outros espaços cibernéticos, introduzo agora o Consultório Psiquiátrico.
Mais uma vez, um visitante aqui do estaminé enviou-me um email colocando uma questão, que quero partilhar convosco:
“Caro António,
Acho que há qualquer coisa de errado comigo: apesar de falar, pensar, agir como um político, passo a vida a dizer e a escrever que não o sou… Vai uma grande confusão na minha cabeça, será que me podes ajudar?
Um abraço,
J.”
Caro J, em primeiro lugar, quero dizer-lhe que não está sózinho. Conheço, pelo menos, mais uma pessoa assim. Eu não sou psiquiátra, psicólogo, ou afim, por isso, o que lhe vou dizer não tem qualquer valor científico.
A vida é cheia de dúvidas e inquietações (agora parecia a Maya). Por vezes, apesar de pensarmos de uma determinada forma, agimos de outra diametralmente oposta, por várias ordens de razões. No seu caso, tenho a certeza que o senhor não é político, apesar de agir como tal. Provavelmente, isso deve-se ao facto de algo, ou alguém, estar a impor-lhe uma conduta contra-natura que, consequentemente, provoca essas disparidades entre aquilo que realmente é e aquilo que aparenta ser.
Isto é a hipótese A.
No entanto, há uma hipótese B.
Como mandam as boas práticas, fiz um diagnóstico diferencial. Provavelmente, o senhor é de facto um político e só o nega para tentar dar alguma credibilidade à sua mensagem enquanto tal. Já se sabe que as pessoas não gostam de políticos e acham que são todos uma cambada de aldrabões. Nesta lógica, a melhor forma de fazer passar a sua mensagem como credível é dizer logo à partida: eu não sou político.
Posto tudo isto, o meu conselho: tire umas férias e, quando voltar, arranje um hobby que lhe ocupe o tempo livre. Vai ver que as suas dúvidas desaparecem e a sua vida melhor.