António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Vozes de Esperança – 10 anos

Novembro 9th, 2009

Comemoram-se, por estes dias, dez anos desde que aceitei dirigir as Vozes de Esperança. Repito: aceitei. Fui convidado. Não pedi a ninguém para assumir o cargo.

Na altura, o grupo nem nome tinha. Quando lá cheguei, deparei-me com dois desafios: primeiro, dar ao grupo qualidade musical, o que era extremamente difícil, dado que eu não sabia, nem sei, cantar; segundo, dar ao grupo dignidade. De facto, as V.E. eram, na altura, um grupo que existia e não existia. Existia, porque cantava todos os sábados na missa. Não existia, porque, para as pessoas, o grupo pouco, ou nada significava. Muita gente desconhecia a sua existência. Daqueles que conheciam, grande parte, ridicularizavam-no.

Resolvi fazer a coisa por partes, pela ordem que citei acima. Acabou por não ser difícil pôr as meninas a cantar bem, porque, de facto, elas tinham e têm excelentes vozes. Bastou saber trabalhar essas vozes e dar-lhes a liberdade necessária para as soltarem. Foi trabalhoso, muito trabalhoso, mas não difícil. O segundo aspecto, esse sim, foi e é complicado. Em primeiro lugar, foi necessário aumentar a auto-estima delas. Fazê-las acreditar no seu valor artístico e humano. Depois, mostrar ao povo que estava ali um grupo coral com qualidade, com talento, com valor, com dignidade.

E aqui começaram os problemas. Paradoxalmente, enquanto aumentava a nossa popularidade junto de muitas pessoas (às quais agradecemos), do mesmo modo, paralelamente, aumentava o incómodo que as V.E. causavam noutras pessoas. Começaram a surgir boicotes, ataques, boatos, inúmeras tentativas de destabilizar as V.E. e desacreditar o nosso trabalho. As pressões vinham de muitos lados e as V.E. estiveram perto do fim. Contudo, tiveram a inteligência de reverter a situação e ganharam ainda mais força. Mas o ódio inexplicável que alguma gente sentia pelo grupo não terminou. Apenas se escondeu.

Esporadicamente, lá surgem aquelas críticas completamente descabidas e sem fundamento, lá surgem as provocações vindas, quase sempre, dos mesmos actores, feitas da mesma forma. Depois de duas oratórias, dois encontros de coros, vários concertos, um CD e outras actividades por nós promovidas, já para não falar no nosso trabalho semanal, continua a haver alguém que tenta, por vezes, através dos mais sórdidos meios, atacar as V.E., sabe-se lá com que intenção.

É incompreensível que queiram continuar a tratar as V.E. como as coitadinhas que cantavam de forma desorganizada na missa de Sábado. É incompreensível que sejam incapazes de admitir que as V.E. são um grupo coral com qualidade e dinamismo. É incompreensível que o nosso sucesso, as nossas prestações, o nosso trabalho e o nosso suor, causem inveja, ódio, maledicência. É incompreensível que haja gente que queira destruir algo que é, na minha opinião e na opinião de muita gente, tão bonito. Contudo, até conseguirem esse feito, terão que se esforçar muito, porque cada novo ataque, cada nova investida desses covardes, dá-nos ainda mais força.

O que mais me choca é fazerem tudo pela calada. Se nos conhecem, se sabem quem nós somos, porque não dizem o que têm a dizer à nossa frente? Até temos um site. Estão lá os nossos e-mails. Escrevam. Digam tudo o que vos vai na alma, porque, quando o fizerem, estaremos a crescer ainda mais. Querem o nosso lugar? Digam-no. Mostrem-se disponíveis, mostrem um projecto, mostrem qualidade e, no dia seguinte, nós bazamos para outro lado. Apareçam e esqueçam as intrigas porque, enquanto continuarem assim, as V.E. vão continuar a ser o vosso pior pesadelo. Vamos continuar a cantar como temos feito até aqui, ou ainda melhor. Vamos continuar a participar e a organizar concertos. Vamos continuar a participar e a organizar encontros de coros. Vamos gravar mais CDs, vídeos, DVDs, o que for preciso, para mostrar ao Mundo que o sucesso vem do esforço, vem do trabalho e não de manobras mesquinhas de gente sem personalidade.

Estas palavras podem parecer escritas com a cabeça quente, mas não são. Foram pensadas e meditadas. Se eu as escrevo aqui, é porque sei que vão chegar aos descerebrados que insistem em vilipendiar o nosso trabalho. E volto a repetir: trabalho. Nada nos caiu do céu. Muito pelo contrário. Sempre nos puseram dificuldades. Sempre tivemos que lutar contra muitos obstáculos.

Sabe Deus, sei seu, sabe a minha família e sabem as V.E. o custa preparar uma “simples” Missa, o que custou gravar o CD, o que custa ensaiar para um concerto, o que custa sair de casa à noite, de Inverno, com frio e chuva para ensaiar, enquanto outros ficam no sofá, a imaginar formas de destruir as V.E. Meus caros: um dia, até podem conseguir. Mas, até lá, terão que se esforçar muito, mas mesmo muito mais. As V.E. são um osso duro de roer e o “chefe” delas ainda é pior.

Talvez este texto não se enquadre nos valores cristãos que as V.E. defendem e guiam a nossa conduta. Talvez… Mas somos seres humanos, erramos e temos a consciência disso. Já andamos há vários anos a dar a outra face.

Chega.

As V.E. são constituídas por pessoas que merecem ser respeitadas. E eu irei defendê-las sempre que assim se revelar pertinente. Custe o que custar. Estas meninas têm-me proporcionado momentos maravilhosos e merecem que eu dê tudo por elas.

Dia 6 de Dezembro iremos actuar em Broalhos (Gondomar).

Dia 27 de Dezembro é o nosso concerto de Ano Novo em Crestuma.

Dia 3 de Janeiro vamos representar a nossa Vila e o nosso Concelho a Mões (Castro Daire) num Encontro de Coros.

Estamos todos os sábados na Missa.

Apareçam.

Saudades da Rádio Rock

Novembro 9th, 2009

O recente falecimento do grande profissional da rádio – António Sérgio – fez-me recordar com nostalgia os tempos em que a Rádio Comercial era a “Rádio Rock”.

Aliás, ainda anda lá para casa uma tshirt da dita rádio que inclui mesmo essa expressão: A Rádio Rock.

Na altura, antes de se ter transformado num clone da RFM, a Comercial marcava a diferença no panorama radiofónico português. Alheia a playlists, mainstreams, tendências e afins, “limitava-se” a passar boa música… muito boa música, servida com humor, alegria, juventude. Ao longo do dia podíamos ouvir os grandes dinossauros do rock, bem como grupos que estavam, na altura, a despontar.

E tinha público. Um público fiel.

Dizia um amigo meu: “Consigo ir e vir a Lisboa sempre a ouvir a Comercial”.

A “velha” Comercial acompanhou-me em muitas horas de estudo, sono, Championship Manager, namoro… Era a Comercial que me fazia aguentar as filas de trânsito com um sorriso.

Era uma rádio de culto.

Provavelmente, a única rádio de culto de difusão nacional.

Agora, e desde há uns anos para cá, é uma rádio como as outras. Que passa a mesma música que as outras. Que tem locutores como as outras. Que faz as mesmas coisas que as outras.

Formatada, entediante, automática.

Talvez por isso, o grande António Sérgio tenha sido proscrito pelos responsáveis da Comercial. Por ser diferente, irreverente e não ir em cantigas.

Vai-se ouvindo a Antena 3.

A isenção dos jornais portugueses

Novembro 4th, 2009

O Futebol Clube do Porto consegue, à quarta jornada da fase de grupos, o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, ou seja, ainda faltam disputar dois jogos que vão determinar “apenas”, se o Porto fica em primeiro, ou em segundo, no seu grupo.

Contudo, os jornalistas acham que há assuntos bem mais importantes para o futebol português, vejamos:

Capa do jornal “A Bola”

“Sporting vai reforçar-se em Janeiro”

Capa do jornal “Record”

“Cardozo joga derbi”

Falta de isenção, falta de profissionalismo, falta de ética… Assim vai o jornalismo desportivo português.

Conversas parvas XIV

Novembro 2nd, 2009

Sexta-feira passada no Estádio do Dragão:

Cena 1 (no aquecimento):

Os onze jogadores do FCP que iram entrar como titulares sobem ao relvado. Comentário, atrás de mim:

– Ó, um daqueles já vai ficar em terra!

– Quem?

– Deve ser o Mariano (nota do autor do blog: quem dera!!!!)

– Mas porquê?

– Então… porque estão ali todos a aquecer, mas depois o treinador é que escolhe os onze que vão jogar.

– Mas ali só estão onze.

– Ah… pois é. Mas mesmo assim um deles vai ficar de fora… deve ser o Mariano ou o Falcao. (nota do autor do blog: o Falcao não estava lá)

********************

Cena 2:

– Quando é que joga o Sporting?

– No Domingo.

– Não pode ser.

– Porquê?

– Porque no Domingo é feriado.

– No Domingo não é feriado?

– Não?

– Não.

– Então?

– No Domingo é Domingo.

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Cena 3:

– Não gosto nada daquele filho da p***

– Quem?

– O Pereira

– Quem?

– O defesa esquerdo.

– Quem?

– AQUELE QUE TÁ COM A BOLA, C*R*LH*!!!!

– Ah….

1984

Outubro 29th, 2009

Winston Smith: The future is hers… we are the dead…

Julia: We are the dead…

Big Brother: YOU ARE THE DEAD!

Big Brother: Remain EXACTLY where you are! Make NO move until you are ordered!

Julia: Now they can see us…

Big Brother: NOW WE CAN SEE YOU! Clasp your hands behind your heads! Stand out in the middle of the room! Stand back to back. Do NOT touch one another!

Winston Smith: The house is surrounded…

Big Brother: THE HOUSE IS SURROUNDED!

Julia: Suppose we may as well say goodbye…

Big Brother: YOU MAY AS WELL SAY GOODBYE! While we’re on the subject, here comes a candle to light you to bed, here comes a chopper to chop off your head!

Do filme “Nineteen Eighty-four (1984)”, baseado no livro de George Orwell

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.