António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Argumentar: uma arte que se perde.

Março 9th, 2011

Previamente a esta minha crónica, recomendo a leitura atenta dos seguintes links:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica

http://www.uc.pt/fluc/dfci/cursos/retorica_argumentacao

Agora, siga.

Tive um professor no meu longínquo ensino secundário que me ensinou a importância da argumentação num debate.

Dizia ele: “António, mais importante que aquilo que se defende é a coerência dos argumentos que utiliza. Se não tiver argumentos, mesmo que tenha razão, mais vale estar calado.”

E sempre segui o conselho do senhor professor.

Contudo, ligando as televisões, lendo os jornais, dando uma vista de olhos pelas redes sociais, vemos que as pessoas estão a perder o poder de argumentar o que, de certa forma me entristece, principalmente porque, debates sem argumentos, são debates fracos, desinteressantes e, muitas vezes, de baixo nível.

Posto isto, decidi fazer uma pequena resenha das “técnicas argumentativas modernas” que se podem ver por aí (obviamente com uma pitada de humor e sarcasmo, porque não nos podemos levar todos muito a sério).

a) Ataque Pessoal: a melhor forma de contestar aquilo que defendes, por muito bons que os teus argumentos sejam, é insultar-te ou ridicularizar-te. A premissa é interessante: desacreditar a fonte, descredibiliza a mensagem. Talvez por isso seja o mais utilizado nos mais variados tipos de debate.

NOTA: Eu gosto muito desta técnica mas numa variação muito particular: em vez de dizer que os meus adversários são fracos, costumo dizer que eu é que sou muito bom. É a chamada variação “Narciso” ou “Ego do Tamanho da Torre dos Clérigos”.

b) Ataque Reflexo, ou seja, chamar aos outros aquilo que tu és. Resumindo, ainda na esteira da técnica exposta na alínea a) os arguentes quando se vêem escassos de argumentos, disferem um ataque recorrendo aos seus próprios defeitos pessoais: os covardes chamam os oponentes de covardes; os mentirosos chamam os oponentes de mentirosos, e por aí fora.

NOTA: Esta já tentei usar, mas não consigo… Prometo que vou treinar!

c) Ataque Megafone: é uma técnica também muito utilizada que consiste em, basicamente, berrar mais alto que o adversário. Muito vista no “Prós e Contras”.

NOTA: Também já tentei usar esta, mas com dificuldade, porque há sempre alguém que berra mais alto que eu…

d) Técnica Quando Corremos Sozinhos Ficamos Sempre em Primeiro ou Técnica Rui Santos. Os leitores regulares da Bola, do Record, do Correio da Manhã e de alguns panfletos regionais já se depararam muitas vezes com isto. O arguente, sob o pretexto de uma entrevista, diz tudo o que tem a dizer, sem hipótese do oponente se manifestar e efectuar o chamado exercício do contraditório.

NOTA: A grande vantagem desta técnica é podermos dizer todos os disparates que quisermos. Por isso mesmo é que desactivei os comentários no blog. O Rui Santos é um especialista nesta técnica, daí o nome.

e) Técnica PCP ou A Derrota Transformada em Vitória. É a mais utilizada nas noites eleitorais, mas também já se começa a ver noutras ocasiões. Basicamente, consiste em pegar num resultado desastroso e conseguir relativiza-lo de tal forma que mais parece ganhar o Campeonato do Mundo de Futebol.

NOTA: Nunca tive necessidade de recorrer a esta técnica, porque, normalmente estou do lado vencedor e, quando perco, não me chateio muito com isso. A única coisa que me chateia mesmo é quando o SLB é campeão. Mas isso só acontece de 5 em 5 anos… aguenta-se!

f) Técnica Copy Paste. Consiste em dizer exactamente aquilo que o adversário disse, mas por outras palavras e com outro tom de voz. O oponente fica baralhado e o público mais distraído não nota.

NOTA: Eu costumo usar esta técnica quando me apercebo que não tenho razão.

g) Técnica Loop. Repetir muitas vezes a mesma coisa. O PCP usa esta há 90 anos. Os resultados estão à vista, mas aí eles atiram com a alínea e)

Este texto vai ficar em aberto. É o chamado work in progress…

Vou actualizando à medida que me for deparando com mais técnicas.

Por hoje é tudo, continuação de uma boa noite.

É tão bom quando nos alimentam o ego…

Março 9th, 2011

“(…)como musico és uma das minhas referencias(…)
gosto mesmo muito, muito do teu trabalho (…)
a sério(…)
e quando tive oportunidade de ver o trabalho que fazes com o coro (…)
quando for grande quero ser como tu…”

Obrigado!

E agora o meu ego está do tamanho de duas Torres dos Clérigos.

Portugal Zero Pontos!

Março 6th, 2011

Ok… eu gosto muito do Gel e dos Homens da Luta!

As músicas deles são engraçadas e todo o conceito em si é espectacular.

Mas ir à Eurovisão?

Antevejo mais uma humilhação…

Volta Célia Lawson… ’tás perdoada!

Já chega de “feats”

Março 4th, 2011

Que a música, nos nossos dias, era pouco original, já todos sabíamos.

Mas a mais recente moda do “feat” faz-me ter a sensação de estar constantemente a ouvir a mesma música nas rádios.

Refrões repetidos até à exaustão por raparigas de voz estridente, intercalados com raps berrados em tons de desespero; ou a variante da canção pop, com um rap cool lá pelo meio…

Já chega de airplanes, doctors e lies

Procuro urgentemente rasgos de originalidade…

Quero ser dono de um jornal

Março 3rd, 2011

Em pleno século XXI, num país da União Europeia ainda há jornais, uns mais locais que outros, orientados por objectivos políticos e controlados por uma “panelinha” de amigos (?) e compadres.

(ó António, andas a dormir? que observação tão naif…)

Trocam-se e negoceiam-se favores, entrevistas e reportagens.

Toma lá dá cá.

Dou-te um exclusivo e tu fazes um artigo sobre o meu amigo.

Dás-me uma ajudinha aqui com estes papéis e eu digo a toda a gente que gosto de ti.

Se disseres que gostas muito de mim até te arranjo maneira de apareceres no jornal.

Se eu aparecer no jornal farei muito por ti.

Se tu fizeres muito por mim, ainda faço de ti Ministro.

Era o meu sonho.

Eu para ti sou como um pai. E o dono do jornal é teu avô.

E já nem há o cuidado de disfarçar. É tudo feito sem o menor pudor e exibido ao povinho ignorante que engole com toda a sofreguidão.

Mas talvez ainda haja quem pense. E não é preciso pensar muito. Basta somar 2+2+2+2+…

Deolinda: o grito de revolta de Portugal!

Fevereiro 24th, 2011

A canção dos Deolinda “Parva que eu sou”, goste-se ou não, é um retrato fiel deste país. Infelizmente, mas é.
E pior que não ver a realidade é negá-la.

Preferia 1000 vezes que não fosse necessária esta música… mas é! E ainda bem que ela veio!!!

Portugal é um país que incentiva as pessoas a formarem-se para depois lhes bater com as portas ou para as explorar e escravizar e já era altura de alguém dizer isto a plenos pulmões!

Porque é que centenas (ou até milhares) de talentos, artistas, cientistas, verdadeiros cérebros, fogem todos para o estrangeiro? Por causa da realidade exposta nesta música!

Quem diz que não gosta da canção, ou atira com o demagógico “façam-se à vida”, provavelmente nunca teve que estagiar de borla, ou pagar para trabalhar;

– provavelmente nunca teve que enfrentar um, dois, três despedimentos, com a entidade patronal a alegar “a crise”;

– provavelmente nunca teve que ver descerebrados, desqualificados e incompetentes graxistas a subirem na carreira, enquanto os competentes, os trabalhadores, os empenhados iam ficando com mais trabalho e menos salário, até ao dia em que o despedimento lhes bate à porta.

Quem diz que não gosta da canção, ou diz “parem de choramingar”, provavelmente nunca teve que chorar a contar os tostões para meter uns pneus novos no carro ou para comprar umas calças novas.

Quem diz que não gosta da canção é porque não a percebe, ou não quer perceber.
– provavelmente tem papás ricos, que lhe arranjaram um bom tacho numa empresa do tio;

– nunca teve que percorrer páginas e páginas de anúncios de emprego, repletas com estágios não remunerados e outras formas de escravatura em pleno século XXI.

– provavelmente, nunca teve que passar um recibo verde, dois, três, …, mil!

E agora dizem: “ó António, não estás a exagerar?”

Sim. Estou.

Assim como os críticos da canção exageram ao dizer que quem gosta é tudo uma cambada de malandros.

Eu gosto da música, identifico-me com ela e não sou malandro, nem preguiçoso.

Estou no desemprego e não é por vontade própria, nem por falta de qualificações ou competências.

Aliás… é “engraçado”. Há uns anos atrás eu tinha qualificações e experiência a menos. Agora tenho qualificações e experiência a mais.

Por isso, estou com os Deolinda e com todos aqueles que estejam determinados a expor a vergonha que vai neste país, mas que alguns, para não perderem o status quo, querem ignorar.

Que merda!

Numa altura em que toda a gente diz que o país está mal e é preciso “fazer alguma coisa”, aparece alguém que através da música coloca o dedo na ferida, puxa pelas pessoas e incentiva-as a mexerem-se e o que acontece? Um grupo de betos pseudo-intelectuais-reaccionários vem dizer “ah e tal não…”

Cada um sabe de si e Deus sabe de todos.

Eu sei que não sou parvo, como os “parvos” (atenção que está entre aspas) que criticam uma das melhores canções de intervenção de sempre na música portuguesa…

Agora compreendo o que o Zeca Afonso deve ter sofrido no tempo dele…. Ufffff….

O mentiroso

Fevereiro 19th, 2011

Nos últimos dias tenho-me lembrado com frequência de uma pequena “cantilena” que a minha avó paterna dizia muitas vezes:

“Coitado do mentiroso:
quem mente uma vez mente sempre.
Ainda que diga a verdade,
todos lhe dirão que mente!”

RFM

Fevereiro 8th, 2011

A RFM está a promover um concurso de criatividade.

Prevejo resultados desastrosos. O facto de alguém ouvir a RFM já é sinal de falta de criatividade.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.