António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Esquerda ou direita?

Agosto 21st, 2011

O original deste texto é em Francês.
Foi traduzido livremente para português, para quem não fala francês.

De esquerda ou direita?
Quando um tipo de direita não gosta de armas, não as compra.
Quando um tipo de esquerda não gosta de armas, quer proibi-las.
Quando um tipo de direita é vegetariano, não come carne.
Quando um tipo de esquerda é vegetariano, quer fazer campanha contra os produtos à base de proteínas animais.
Quando um tipo de direita é homossexual, vive tranquilamente a sua ida como tal.
Quando um tipo de esquerda é homossexual, faz um chinfrim para que todos o respeitem.
Quando um tipo de direita é prejudicado no trabalho, reflecte sobre a forma  de sair desta situação e age em conformidade.
Quando um tipo de esquerda é prejudicado no trabalho, levanta uma queixa contra a discriminação de que foi alvo.
Quando um tipo de direita não gosta de um debate emitido pela televisão, apaga a televisão ou muda de canal.
Quando um tipo de esquerda não gosta de um debate emitido pela televisão, quer prosseguir em justiça contra os sacanas que dizem essas sacanices. Se for caso disso, uma pequena queixa por difamação será bem-vinda.
Quando um tipo de direita é ateu, não vai à igreja, nem à sinagoga, nem à mesquita.
Quando um tipo de esquerda é ateu, quer que nenhuma alusão a Deus ou a uma religião seja feita na esfera pública, excepto para o Islão (com medo de retaliações, provavelmente).
Quando a economia vai mal, o tipo de direita diz que é necessário arregaçar as mangas e trabalhar mais.
Quando a economia vai mal, o tipo de esquerda diz que os sacanas dos proprietários são os responsáveis e punem o país.

Teste final:
Quando um tipo de direita leu este teste, fá-lo seguir.
Quando um tipo de esquerda leu este teste, não o reenvia de certeza.

Divirtam-se
… e passem a prestar muita atenção aos discursos …

Metade da minha idade

Junho 24th, 2011

Não serão poucos os homens e mulheres que, chegados à casa dos trinta, entram em divagações nostálgicas sobre os tempos em que detinham metade dessa idade.

Essas recordações, porventura, serão mais acentuadas quando, por força de qualquer circunstância, convivem com rapazes e raparigas com metade da sua idade.

Recorrentemente, surgem expressões como “no meu tempo é que era…” ou “se eu soubesse o que sei hoje…”

Não me parece.

Este tempo continua a ser como o nosso tempo.

Há dias atrás dei por mim no meu carro, a transportar quatro seres humanos com metade da minha idade. Surpreendentemente, ou não, o ambiente, as conversas, as atitudes, os gestos, o modo de encarar a vida, eram os mesmos, vividos da mesma forma, que eu e os meus amigos vivíamos quando tínhamos metade da nossa idade.

Esta deambulação pelas brumas da saudade levou-me a outro ponto: desde puto que sempre achei que o mundo dos adultos seria uma seca. E é.

Talvez por isso, durante longos anos da minha vida, me recusei a “crescer”, não sendo as poucas vezes em que fui acusado de infantil e imaturo. “Whatever”. Se ser adulto é ser aquilo que a maior parte dos adultos é, então deixem-me ser puto.

Aliás, confrontando as recentes experiências que tive com pessoas com metade da minha idade, com pessoas da minha idade e com pessoas com o dobro da minha idade… A conclusão é apenas uma.

Censura

Maio 29th, 2011

Eu hoje ia escrever aqui algo. Aliás, escrevi mesmo mas, quando terminei de ler… apaguei. É melhor EU censurar-me, antes que outros me censurem.

Ao menos a minha censura é honesta e frontal e para comigo próprio. Sei porque motivos ME censuro e sei que essa censura é de boa-fé.

A outra, não. É feita por motivos que não compreendo, nem nunca hei-de compreender e claramente conspurcada de má-fé.

Por isso, censurei-me. Só eu sei porquê. Só eu compreendo. E basta.

Porque também há concertos assim…

Maio 28th, 2011

Parecia a primeira vez. Mas o nervosismo, quase pânico, da primeira vez, foi substituído pela doce ansiedade de fazer algo diferente.

Havia confiança, a segurança que algumas (poucas) horas de estudo podem dar mas, acima de tudo, a confiança que era transmitida por quem estava à nossa frente, ao nosso lado, atrás de nós e no público.

Principalmente no público, um, dois, três, quatro, cinco rostos a acenar e a dizer “estamos aqui… força!”

E essa força veio. Penetrou do primeiro ao último acorde. Fez acreditar que o céu estava ao alcance de uma pauta.

E mais sorrisos, aplausos e uma descarga elétrica percorria dois corpos unidos num só: o músico e o instrumento.

Um quente, pulsante, vivo… o outro frio, metálico, mas ardente e apaixonado quando beijado da forma certa.

Viravam-se as páginas; sucediam-se as vénias ao público… Aquele público surpreendido mas, ao mesmo tempo, entregue e empenhado em fazer parte do concerto. Um público assim merece vénias, todas as vénias e aplausos.

Por momentos os papéis inverteram-se e o público passou a ser a estrela.

E terminou… com a mesma paz com que tinha começado. No entanto, todos saíram dali mais ricos. Quem tocou desfrutou do prazer de tocar, de divertir, de animar centenas de vidas, quiçá, tristes, mas que encontraram naqueles acordes, naqueles ritmos, um oásis de felicidade. Quem ouviu, fez parte do espetáculo e foi para casa com o coração quente e um sorriso nos lábios.

Porque há concertos assim… vale a pena ser músico.

Leitura do Livro de Isaías

Maio 20th, 2011

Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado.

Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto, tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de um ser humano, assim se hão-de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis ficarão calados, porque hão-de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido.

Quem acreditou no que ouvimos dizer?

A quem se revelou o braço do Senhor?

O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos.

Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós.

Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores.

Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado.

Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades.

Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados.

Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho.

E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós.

Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca.

Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca.

Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte?

Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo.

Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca.

Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento.

Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias e a obra do Senhor prosperará em suas mãos.

Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria.

O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.

Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio e terá parte nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores.
Palavra do Senhor.

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.