Nota prévia: este texto não é sobre futebol.
A recente polémica sobre o silêncio de duas instituições perante o falecimento do Presidente Honorário de uma instituição rival, mas par das mesmas, expôs a falta de cultura institucional transversal à nossa sociedade.
Nas coletividades, nas empresas, na política, os portugueses tendem a confundir as pessoas com os cargos, as pessoas com as instituições.
Há um lugar comum que, apesar de constantemente repetido, passa ao lado no dia-a-dia das relações institucionais: “as pessoas passam, as instituições ficam.”
Como tantos outros lugares comuns, repetimos sem entender.
Somos rancorosos, revanchistas e usamos essa bílis nas mais inadequadas situações para o fazer: funerais, aniversários, eventos sociais diversos. As condolências esquecidas, a bandeira que fica na gaveta, o convite que fica por fazer, a devida menção, ou citação, ocultada do discurso. Nomes que se apagam, histórias que se reescrevem, notas biográficas modificadas, designações adaptadas. E, os mais habilidosos, até recorrem ao Photoshop para apagar uma, ou outra, cara das fotos de grupo.
Fazêmo-lo como para castigar outrém. “És mau! Vou apagar-te de todo o lado!”
Mas, na verdade, ao querer expôr os podres do outro, acabamos por mostrar o pior de nós próprios, porque, e citando mais um lugar comum “as atitudes ficam com quem as toma”, ou não toma.