António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Numa tarde de Outono…

Outubro 7th, 2008

Naquela tarde, de meigo Sol outonal, ele estava só. Sentia-se desnorteado, perdido e um terrível medo ensombrava o seu coração.
Pegou no telemóvel, ganhou coragem e escreveu tudo o que sentia. Veio a resposta:

– Queres ir passear, meu amor?

Combinaram a hora e o local de encontro.

Mal o viu ao longe, no seu rosto nasceu um sorriso. Nele também.

Há muito que sonhavam com aquele momento. Até já tinham falado em ir àquele local.

Beijaram-se. Passearam de mãos dados e beijaram-se outra vez e muitas outras vezes.

– Eu amo-te!
– Eu amo-te!

E beijaram-se de novo. Perdidos no bosque, fizeram amor. Sorriram.

Deram as mãos e foram embora.

Quando se despediram, à porta de casa dela, a Princesa deu aquele sorriso “sou a mulher mais feliz do Mundo” e bos olhos dele brilhou o olhar “ela é tão linda”.

As costas voltaram-se. Mas nem uma sombra de tristeza sequer lhes tocou. Tinham vivido a melhor tarde das suas vidas.

Viveram o seu amor como nunca tinham vivido antes. E sabiam que nada os iria separar.

– Gostaste, meu amor?
– Foi tão bom…
– Parece que o Mundo desapareceu e só nós existimos…

Saudades de um beijo

Outubro 4th, 2008

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O tempo pára
Quando os teus lábios
Encontram os meus

O Mundo desaparece
E só nós existimos

Procuro no dicionário
Palavras
Que traduzam aquele toque singular

Depois vão as mãos
Encontram perdida a tua pele
E sou invadido pelo calor
Que vem do teu coração

Falta-me o ar
Procuro-o na tua boca
E encontro muito mais que ar

Encontro o Sol
A Lua
As Estrelas
Tudo o que de bonito há no Mundo

Noite sem fim

Outubro 2nd, 2008

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E a noite chegou
Quis adormecer
Essa noite assustou-me
Cerrei os olhos com toda a força
E voei em sonhos para junto de ti

Então acordei
Mas as trevas permaneciam
Busquei a luz mas não a encontrei
Caminhei na negrura
Tropeçando em monstros e fantasmas
Fugi de vampiros e lobisomens

As horas passavam
Mas a noite era eterna
Corri desvairado sem rumo
Sentindo-te sempre na direcção oposta

Sem forças
Fatigado
Envolto em suor gelado
Acoitei-me numa memória
Protegi-me num sorriso
Fechei a porta da tenda com chave de beijos

E ali fiquei
Encolhi-me a um canto
Esperando que voltes

Lá fora
Os monstros e os fantasmas
Os vampiros e os lobisomens
Perseguem-me

Mas tu virás salvar-me
O teu sol virá
A tua luz
O teu calor
Mas até lá
A noite continua

Passo a passo

Setembro 30th, 2008

Passam as horas
E eu passo sem ti
Passo sozinho
Por onde passam amantes
Passando infinitamente
Em passo longo e distante
Passam por mim
E o passo detenho
Passam meus olhos pelo chão
Olhando os passos tristes
Dos meus pés que passam
Despidos do teu passo
Que passa noutra rua

Saudades do vazio

Setembro 23rd, 2008

E de repente ela adormeceu.

Adormeceu feliz, porque sabia que em sonhos iria encontrar o amor que não podia ter na realidade.

Apenas em sonhos os seus lábios cruzavam os lábios dele, sentia o fogo da sua paixão e deixava-se desfalecer nos seus braços. Como adorava ela a hora de dormir e entregar-se sem leis aos braços do seu desejo.

Em sonhos vivia, amava, sorria… Era feliz. Era feliz como nos raros momentos em que os seus olhos beijavam os dele. Quando se viam na rua, na escola… Breves instantes em que se olhavam profundamente, desejavam, mas eram forçados a ocultar o seu amor.

E só à noite, quando se deixavam embalar pelos sonhos o seu amor era pleno. Quando acordavam voltavam as saudades. Saudades de um tempo que não viverem, de toques que nunca sentiram, beijos que nunca deram.

É o teu sorriso

Setembro 21st, 2008

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Não sei se por acaso
Assim como quem não quer a coisa
Já te disse que tens um sorriso
Doce, quente, meigo
Que me faz sentir uma criança

Sorriso que me faz querer beijar-te
Interminavelmente
Recuperando o meu fôlego no teu fôlego
Respirar pelos teus pulmões
Porque o amor é isso mesmo

É respirar-te
É ter-te no peito e no sangue
É ter no teu nome a minha alma
É ter nos teus cabelos a minha cama
É viver, somente, porque tu vives

Olho-te no olhar mais profundo
Que me diz “amo-te” sem palavras
Que me mostra a cor do desejo
Em tons de arco-íris
E sucumbo no êxtase de amar-te

Pele

Setembro 17th, 2008

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Entreguei-me à tua nudez
Guardei a memória da tua pele
No teu corpo encontrei a embriaguez
Nos teus lábios encontrei o mel

Prendeste-me com ferros de prazer
Fui teu e tu foste o meu Mundo
Morri e voltei a nascer
Numa noite que durou um segundo

Mergulhei nesse mar que me dás
Em loucura, bebi de todo o teu sabor
Explodi para encontrar a Paz
Adormeci em lençóis tecidos pelo Amor

Despedida

Setembro 6th, 2008

andorinha2.jpg

Primeiro uma
Depois outra
Num corropio chilreado, fram chegando…

Chegando para partir
Para levar consigo a frescura da Primavera
A alegria do Verão

Vieram à minha porta
Fazendo de conta que não chovia
Dizer adeus

Como notas saltitando na pauta
Saltitavam de fio em fim
Levantavam e pousavam

Rodopiavam no ar
Como dança apoteótica
De um cabaret luminoso

A luz, essa
Apenas nos faróis dos carros
Que violavam as entranhas da chuva

A chuva não parava
Nem parou
Para também lhes dizer adeus

Primeiro uma
Depois outra
Voaram

Voaram e no seu ninho ficou a saudade

A saudade de te ver sorrir no meu jardim
A saudade dos teus dias longos em que acordavas para me beijar
A saudade das noites perdidas em palavras de amor
A saudade da loucura que é penetrar nos teus olhos e dizer: “amo-te!”

Elas voaram mas tu ficas
E a cada dia que passa ficas mais dentro de mim
Presa, amarrada, cativa…

Elas voam no céu
Tu voas no meu coração
Na minha mente, no meu ser

Voas, porque és bela de mais para estar presa ao chão
És a mais graciosa e delicada ave que a Natureza criou
Porque não partes…

Acolhes-te no meu peito…
E quanto mais perto estás
Maior é a saudade que sinto

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.