António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

Um só

Dezembro 11th, 2008

dois.jpg

Naquele dia ficamos a ser um só
Penso quando tu pensas
Sinto quando tu sentes
Sofro quando sofres
Sorrio quando sorris

Eu sou o teu corpo
Penso com a tua alma
Sinto com a tua pele
Sofro com o teu coração
Sorrio com os teus lábios

Tu és o meu ser
Pensas com a minha alegria
Sentes com o meu desejo
Sofres com a minha saudade
Sorris com a minha boca

E ficamos a ser um só
Pensamos com os nossos sonhos
Sentimos com o nosso desejo
Sofremos com a nossa ausência
Sorrimos com o nosso amor

Deusa

Dezembro 2nd, 2008

chegaste.jpg

E chegaste
Vestida de mil cores e formas
Trazias contigo o Sol de Verão
E a Vida da Primavera

Eras poético entardecer de Outono
Calma e delicada manhã de Inverno
Eras a Alegria do Carnaval
A Esperança da Páscoa
E a Ternura do Natal

Eras o Vento
Quando me beijavas
E a Tempestade quando te possuía

Eras a Chuva
Num sorriso
E o Sol num abraço
Eras criança
Mulher
Sedutora

Fechaste-me com os teus olhos
E libertaste-me nos teus seios

Foste irmã, mulher, amante
Mas amei-te
Mas amo-te
Mas amar-te-ei
Sendo simplesmente tu

Só e frio… muito frio…

Dezembro 1st, 2008

E vives aquele momento em que te sentes só. Tiveste um dia em cheio. Mil e uma coisas passaram por ti. Mas à noite, quando precisas de alguém que te ouça, deixam-te sozinho e tens frio.
Ligas o aquecedor, pões a sua potência no máximo e vestes mais roupa. Mas não há maneira daquele frio passar. A solidão é fria. Todos foram dormir, todos têm que fazer e tu?
Ficas especado a olhar no vazio, a pensar no dia de amanhã e nas mil e uma coisas que tu terás de fazer.
Não tens ninguém, porra! Talvez devido a tu próprio deixares os outros entregues à sua própria solidão. Tu próprio gelas quem te rodeia. Tu próprio desapareces quando os outros precisam de ti.
E decides que tens que dormir. Porque os teus sonhos são quentes. E amanhã será mais um dia que, do mesmo modo, terminará em solidão.

Tempestade de desejo

Novembro 29th, 2008

Os relâmpagos rasgavam o céu. As gotas de chuva intensa compunham no chão e nos telhados uma complexa sinfonia rítmica. Ignorando tudo isto ele seguia veloz no seu carro, carregado cada vez mais no acelerador, desafiando o perigo e o estado dos seus pneus.
Sabia que ela o esperava.
Sabia que o tempo era escasso e que não ia ser a chuva que o ia impedir de a ter mais uma vez.
Nova aceleração.
Ela esperava à janela. Contemplava os relâmpagos e sentia os trovões dentro de si. Acendia mais um cigarro. “Lá fora deverão estar uns zero graus”, mas o conforto do ar condicionado, permitia-lhe desfilar sensualmente pela sua sala de estar em roupa interior. Tinha-se preparado para ele. Sabia como ele apreciava aquele corpo alvo, deliciosamente adornado de rendas e sedas, com os cabelos loiros a flutuarem sobre os ombros.
Amavam-se secretamente e cada encontro resumia-se a uma hora de prazer, ela encarnando o papel de prostituta e ele de amante furtivo. Mas o seu amor era real. Era a escassez do tempo que os obrigava a esquecer as carícias e palavras de amor e a entregarem-se directamente à luxúria. Os resto ficava para os telefonemas, sms e e-mails. Sabiam que se amavam e não precisavam de o dizer. Apenas de o sentir nos braços um do outro, por meio de gemidos, beijos longos e todas as outras artes dos amantes. Cada segundo era precioso e não havia tempo a perder.
Ela nunca tinha tido outro homem. Todos os dias recordava-se da primeira vez. Os nervos, o medo, a dor, o suor e por fim a descoberta daquele prazer tão único, que só um homem, aquele homem lhe podia dar.
Ele também não esquecera aquele momento. Ficou marcado de tal forma que, sempre que se encontravam, sentia-se como se fosse a primeira vez.
Por isso, acelerava. Por isso tinha apenas uma coisa na cabeça: o seu nome. Nome que atrás de si trazia um amor do tamanho de tudo. Trazia palavras doces, um sorriso terno e loucos minutos de prazer carnal.
Finalmente virou para rua tão desejada.
A sala, escura, iluminou-se com os jactos brilhantes dos faróis que cortavam a chuva.
Ao sentirem a presença um do outro, os seus corações repousaram. Bastou um olhar para explosões de desejo se libertassem dos seus corpos e vivessem aquela hora tão mágica em que tudo o resto deixa de existir.

Rio

Novembro 25th, 2008

rio.jpg

Existe um rio
Que nasce no teu coração
E me inunda com Amor
Fresco, doce, suave

Nele mergulho e me afogo
Descubro-te por dentro
E nado até à tua essência

Encontro-te na nascente
Na mais pura montanha
De branca neve adornada
Onde me dás de beber
Doce água cristalina

E então deixo-me flutuar
Amparado pelos teus braços
Pela ternura dos teus olhos
Que me dizem o amor que sentes
E que rega o nosso Mundo

As lágrimas

Novembro 17th, 2008

tears.jpg

Gosto de chorar por ti
E sofrer com a tua ausência
Gosto de sentir saudades
Por que a saudade traz o Amor
Aquele Amor interminável
Que construímos na luz de uma noite

Aquele Amor
Que me fará derrubar Montanhas
Secar os Oceanos
Apagar as Estrelas

Aquele Amor
Que confessamos em beijos secretos
Em noites de insónia
Em códigos de ternura

Aquele Amor
Que fala através do olhar
grita através da pele
canta através do sonho

Gosto de imaginar-te ao longe
Adivinhar em que pensas
E o que sentes
Porque enquanto te imagino ficas perto
Perto como tão poucas vezes estás
Tornando cada segundo uma eternidade

Gosto quando te vislumbro num relance
Quando te confundo na multidão
Quando ouço o teu nome noutra pessoa
Quando um som ou um gesto
Te traz até mim
Na memória de um sentido

Adeus

Novembro 16th, 2008

adeus.jpg

E quando queres viver
Mas te falta a vontade
Apetece-te desaparecer
Para não saberes a verdade

A verdade que te persegue
Que até os sonhos te domina
Uma força que consegue
Domar tua alma peregrina

Então estás perdido
Num labirinto sem fim
Num gesto incontido
Num pensamento irreflectido
Decides morrer assim

Encontro

Novembro 13th, 2008

encontro.jpgQuando tudo parecia perdido
Quando já a dor penetrava em mim
Quando a esperança se desvanecia
Quando o Céu se escurecia
Tu apareceste assim
Ao teu amor fiquei rendido

Teus olhos em mim pousaram
E a tua mão beijou a minha
Meus lábios conheceram os teus
Que para sempre ficaram meus
E todos os sonhos que eu tinha
Para sempre teus ficaram

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.