Afasta o medo
Abre os olhos
Vê o dia
Vê a arena
Fecha os olhos
Inspira
Expira
Abre os olhos
A arena é tua
Agarra
Sente
É teu o inimigo
Prende
Luta
Luta
Luta
Se lutares
Já venceste
Ganhaste
Por mim
Por ti
Por um sonho
António Pinheiro
Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.
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Bom dia.
Ela disse:
– Fazes-me tão bem! Quando estou triste, ou nervosa, tu fazes-me sorrir, acalmar. Durmo tranquila, porque adormeço contigo no pensamento e, quando acordo, o meu primeiro pensamento vai para ti.
– Bom dia, meu amor!
– Bom dia!
Na curva
Então, tu pediste-me um beijo. Todo o meu corpo tremeu.
Abracei-te com tanta força, que parecia que o teu corpo sucumbia nos teus braços.
Beijei-te e a noite foi eterna.
Quero
Quero dormir
Sentir no teu colo a paz que me foge
Quero sonhar
Viver num Mundo desenhado pelos teus olhos
Quero acordar
Beijar a tua boca que me dá vida
Quero viver
Possuir o teu corpo infinitamente
Deitei-me, mas não dormi…
Fui-me deitar
Mas não dormi
Era impossível repousar
Era impossível descansar
Era impossível fechar os olhos
A desilusão
A tristeza
Abriam-me as pálpebras
E diziam-me
Com palavras amargas
Que tinha ficado longe do teu amor
Rebolava-me na cama
Uma vez e outra vez
E mais outra
E cada vez doía mais
Cada vez espetava mais fundo
A lâmina do arrependimento
Oh remorso!
Oh amargura!
Como vindes nesta hora
Em que não vos quero
Não vos preciso
Só paz
Aquela paz
Aquela única paz do teu olhar
Esse olhar
Que me atirou para mundos que eu desconhecia
Preciso dele
Agora
Desse olhar que me penetra
Me destrói
Mas me mergulha na felicidade que jamais encontrei
Vou-me deitar
E não vou dormir
Enquanto não vieres para o meu lado
Dá-me um beijo daqueles que me fazem ficar sem ar
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
Abraça-me
Quero sentir a força dos teus braços
Preciso do sabor dos teus lábios
Preciso das carícias do teu cabelo
A tua pele
Macia
Os teus beijos doces
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
E diz-me que o Mundo acabou
Diz-me que os muros caíram
Diz-me que os rios secaram
E o sol deixou de brilhar
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
E tira-me roupa
Serei tua sem limites
Até onde a loucura te levar
Até onde o prazer quiser
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
E possui-me sem receio
Entra dentro de mim como da primeira vez
Quero a dor
E o ardor
O sofrimento do prazer
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
E não tenhas medo de me amar
Salta do abismo
Aponta a faca ao teu próprio coração
E morre pelo nosso amor
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
Porque preciso da tua saliva
A minha língua quer fazer amor com a tua
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
Porque em mim já corre a doce humidade do prazer
Porque em ti o desejo ganhar forma
Dá-me um daqueles beijos que me fazem ficar sem ar
Porque nos amamos como mais ninguém se ama
Mesmo sem nos tocarmos
Mesmo sem nos vermos
O Baile
Era o tão esperado baile. A Princesa estava linda, deslumbrante. A festa parou quando ela deslizou pela porta.
O Príncipe tinha sido proibido de entrar, mas o encontro secreto tinha sido combinado.
– És a minha melhor amiga, tens que me ajudar!
– Quero saber quem ele é!
– Não podes… é perigoso!
– Ele é perigoso?
– Não, estúpida! É perigoso saberes quem ele é… ninguém pode saber!
– Fogo!
– Não há fogo, nem meio fogo. Ajudas-me?
– Porquê?
– Não me queres ver feliz?
– Quero… mas deixaste-me curiosa!
– A noite do baile é a nossa oportunidade de ouro. Já temos tudo combinado. À hora combinada ele espera por mim no portão, eu desapareço. Tu, só tens que confirmar aos meus pais que eu dormi em tua casa… quer dizer, na prática eu vou lá dormir, mas mais tarde que o previsto.
– És louca!
– Louca de amor! Completamente louca! E tu vais ajudar-me a viver uma das noites mais felizes da minha vida!
– Eu por ti faço tudo amiga!
– Eu sei que sim!
Mas, à hora combinada, a Princesa estava absorvida na dança e, o Príncipe, não esperou nem mais um minuto. Entrou no baile. A máscara escondia a sua identidade, a todos, menos à Princesa. Ela reconheceu-o de imediato e arrependeu-se pela sua distracção. Contudo, de imediato sentiu os lábios do Príncipe apoderarem-se dos seus. Sentiu o seu corpo ser elevado do chão pelos braços do seu amado.
A noite foi finalmente deles. Amaram-se como nunca o tinham feito antes, sem medo de serem apanhados, sem pressa de voltarem a casa.
Ia alta a madrugada quando o telemóvel da Princesa tocou:
– Onde estás sua maluca?
– Estou nua nos braços dele e sou a mulher mais feliz do Mundo!
– Anda já para aqui! Não estás a pensar entrar em minha casa de dia, pois não?
– Calma, ainda tenho mais uma coisa para fazer…
Beijou o Príncipe e amaram-se de novo.
Era quase de dia quando ele deixou a sua Princesa na casa da fiel amiga.
As dificuldades que fazem o amor crescer
A vontade que tinham de estar juntos era proporcional às barreiras que entre eles cresciam.
Mas amavam-se e isso era tudo.
Era tudo para os fazerem esquecer que o Mundo rejeitava aquele amor.
Mas eles tinham o seu próprio Mundo.
Um Mundo sem barreiras e que crescia com eles.
Sabiam que, um dia, as barreiras iriam desaparecer e seria tudo tão fácil.
Tão fácil como as palavras, os beijos, o sexo.
Seria, um dia, finalmente, irreversivelmente fácil destruir aquilo que parecia tão difícil.
Na esperança desse dia caminhavam, lado a lado.
Olhando em frente, para que nem um olhar os traísse.
As mãos eram dadas por baixo da mesa, para que nem um gesto os denunciasse.
Os passos eram desalinhados, para que os seus rastos fossem distintos.
Mas havia pausas.
E as pausas faziam-se de loucura.
Deitavam tudo a perder.
Olhavam-se tão profundamente que liam no coração um do outro, uma história gravada com pincéis de dor.
Davam as mãos, agarrando-se com força, com toda a força que os seus corpos produziam, até unirem as veias e viverem do mesmo sangue.
Alinhavam os passos e todos os movimentos para que, finalmente, fossem apenas um.
E depois voltavam ao caminho e havia muitas barreiras a vencer.