E fiquei toda a noite a ver-te dançar.
Bebi mais um copo e deixei-me embalar pelo voo dos teus cabelos.
Estavas feliz, emanavas luz e parecias segura do destino de todo o Mundo.
E eu amei-te tanto ao som da nossa música.
Por momentos, fui eu quem agarrou aquele microfone e te jurei o meu amor mais que eterno, em notas soltas, presas por um ritmo cadenciado.
Fui o palco.
Tu foste as luzes.
Fui a voz.
Tu foste a guitarra.
Fiquei ao longe, a observar cada gesto, cada movimento do teu corpo, numa dança só tua e, ao mesmo tempo, só nossa.
Alguém disse “vi-te dançar e a minha paz morreu”, mas quanto mais dançavas, mais o meu coração atingia a paz que tanto procura.
Entreguei-me aos teus olhos e senti que me querias.
Por um breve instante, pareceu-me ler nos teus lábios… e tu sabes o que eu li.
Por um breve instante, senti que os nossos corações eram ímanes e que o abraço tão desejado era iminente.
Um beijo queimava nos meus lábios.
Era preciso soltá-lo.
Entregá-lo à tua dança que parecia não mais terminar, mesmo quando a música parava.
Eu soltei-o, sentiste?