António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

“Saudades” – José Calvário

Agosto 1st, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

E houve uma altura em que o pessoal achou por bem misturar ambientes sinfónicos com ritmos pop / rock.

Era Walter Murphy com Beethoven em “disco sound”, era o Louis Clark com os seus “Hooked on Classics”, era Luis Cobos com tudo e mais alguma coisa.

Em Portugal tivemos as famosas “Saudades” de José Calvário (uma das figuras da música portuguesa que mais admiro) também com a colaboração da mítica London Symphony Orchestra.

E é claro que estes populares temas portugueses iam chegar às bandas. Gostava de saber quem foi o autor desta transcrição que toquei várias vezes na banda de Crestuma, inclusive no meu concerto de estreia, a 19 de Março de 1994.

Aqui fica na leitura da Banda Nova de Fermentelos, dirigida por João Neves.

Abaixo, deixo o original por José Calvário e a London Symphon Orchestra.

 

“Paulo Silva, O Clarinetista” – Valdemar Sequeira

Julho 24th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

3º Temporada – “Qual é que vai?”

Sendo o mundo filarmónico um universo tão vasto, entre músicos, amestros, compositores e reportório, é, ao mesmo tempo, curto o que permite que, com um único gesto, consigamos homenagear várias pessoas de uma vez só.

Damião Silva é já uma figura desse universo.

Antigo músico, apaixonado pelas bandas, percorre o país atrás delas, de câmara em riste, a fazer aquilo que, muitas vezes, nem as bandas fazem: registar para a posteridade concertos, arraiais, entradas e até procissões.

Não fosse o seu incansável e dedicado trabalho e não haveria material no Youtube para matarmos saudades das nossas vivências filarmónicos.

A Damião Silva, aconteceu aquilo que nao devia acontecer a nenhum pai: a partida de um filho. Mas a sua Fé inabalável fez com que quisesse eternizar a presença terrena do seu Paulinho através da Música.

E daí, pela Arte de Valdemar Sequeira, nasceu este pasodoble de concerto, oferecido, em mãos, a várias bandas, para que o Paulo Silva continue presente nos nossos coretos e palcos.

Apesar de ter ainda muito reportório para partilha, os Clássicos Filarmónicos precisam de algum descanso.

Termina assim a 3ª Temporada, com a homenagem mais que justa a Damião Silva, ao seu filho Paulo e ao grande Valdemar Sequeira.

“Paulo Silva, O Clarinetista”, de Valdemar Sequeira, pela Banda de Antas Esposende, sob a direcção do próprio e com captação de Damião Silva.

(e vejam só que linda é a menina do flautim…)

 

 

“El Barbaña” – Manuel Gonzalez

Julho 23rd, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

3ª Temporada – “Qual é que vai?”

Tendo nascido numa terra profundamente marcada pela música filarmónica, Crestuma, possuo “memórias filarmónicas” até tempos remotos, bem antes de entrar para a banda local.

Uma delas é relacionada com o pasodoble “de rua” (pasacalle) “El Barbaña”, incluído no primeiro registo fonográfico, em K7 da Sociedade Filarmónica de Crestuma.

Na verdade, não sei se o “El Barbaña” é, de facto, “de rua”. O certo é que em Crestuma tocáva-se na rua, numa altura em que na rua tocavam-se marchas portuguesas, muito antes de ter aparecido esse hit filarmónico do século XXI, “Xàbia”.

Mais tarde, cruzei-me com esta peça em Souto e várias vezes na Marcial de Fermentelos.

É sempre com muita nostalgia que a ouço ou toco. Viajo para a minha infância e para os sábados passados a ouvir música com o meu pai. Ou então, para as festas religiosas em Crestuma, as Comunhões ou o Coração de Jesus, formado em frente à igreja, com o povo a assistir na escadaria.

Aqui fica na interpretação da Banda Nova de Fermentelos, dirigida por João Neves:

 

 

“Semper Fidelis” – John Philip Sousa

Julho 22nd, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

3ª Temporada – “Qual é que vai?”

 

Voltamos à noite de 19 de Março de 1994, data em que fiz o meu primeiro concerto como filarmónico, na Sociedade Filarmónica de Crestuma, sob a direcção do Maestro Joaquim Costa.

A última obra do programa era esta “Semper Fidelis” (também brejeiramente conhecida como “Sempre a f*d*-las”), de John Philip Sousa.

Apesar de não haver nenhum documento oficial que o ateste, é conhecida como sendo a marcha oficial dos “Marines” (Fuzileiros americanos). Segundo o próprio, foi escrita numa noite, em lágrimas, após ouvir os seus camaradas cantarem o hino dos “Marines”.

Sempre toquei isto em concerto, mas confesso que adorava marchar o “Semper Fidelis”.

Aqui fica na interpretação da Banda de Nespereira, dirigida por Alexandre Coelho, numa filmagem de Damião Silva:

 

“Sonhos de Portugal” – Alberto Madureira

Julho 21st, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

3ª Temporada – “Qual é que vai?”

O meu snobismo pelas rapsódias começou a cair quando, no “mercado de Inverno” de 2006/2007, me “transferi” para a Banda Musical de Gondomar.

Lá, as rapsódias ocupavam um espaço importante nas pastas e uma delas era esta “Sonhos de Portugal”, de Alberto Madureira.

Com temas daqueles bem conhecidos, ligados ao estilo de medley e que quando soam numa qualquer romaria atraem os olhares e os ouvidos dos transeuntes.

Sem a exuberância de outras obras do género, não fica mal, nem envergonha ninguém.

Aqui na interpretação da Banda S. Cipriano “A Nova”, dirigida por Vitor Resende, num registo de Damião Silva:

 

 

“Francisco Magalhães” – Luís Cardoso

Julho 20th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

3ª Temporada – “Qual é que vai?”

– Já ouviste o novo medley do Luís Cardoso? É com músicas dos Scorpions!

– Deve ser fixe mas eu nem gosto assim tanto dos Scorpions…

Durante muito tempo não se falava noutra coisa. A obra este exclusiva da Banda de Paços de Ferreira e o mundo filarmónico salivava para que caísse no “domínio público”, salvo seja.

Até que um dia, num “ganso”, nas Feiras Novas de Ponte de Lima (essa “Meca” filarmónica) sai para a estante uma coisa chamada “Francisco Magalhães”.

– É isto o medley dos Scorpions!

Foi à primeira vista e foi como se um camião TIR me abalrroasse. Que impacto logo no primeiro compasso!

Depois dessa primeira vez, toquei-a muitas outras vezes.

Tempos mais tarde, cruzei-me com o Luís Cardoso e ele falou-me sobre a encomenda e o processo de composição do “Francisco Magalhães”, assente no concerto da banda rock alemã com a orquestra de Berlim.

Questões técnico-comerciais à parte, eu arrisco-me a dizer que este é o melhor medley-rock-filarmónico português. Se não for o melhor (classificação sempre subjectiva) é dos que dá mais “pica”.

Por consequência, também é dos mais mal tratados. E, como já referi anteriormente sobre outras obras do género, revela muito desconhecimento dos originais por parte de quem dirige e de quem toca, principalmente, no último tema. Comparem a velocidade a que os Scorpions tocam o “Rock You Like an Hurricane” e a velocidade a que as bandas o tocam neste medley. Uma vez, um maestro dirigiu aquilo tão rápido, que eu temi que o xilofone incendiasse e o próprio ficasse sem um braço.

Não obstante, apesar de ser uma obra relativamente recente, merece destaque e reconhecimento ao Luís Cardoso por ser um especialista no tratamento que dá ao rock.

Aqui fica dirigida pelo próprio compositor, à frente da Orquestra Filarmónica 12 de Abril:

“Overture to a New Age” – Jan de Haan

Julho 19th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

3ª Temporada – “Qual é que vai?”

“Hoje ensaiei uma peça do Jacob de Haan que nem parece dele…”

Só depois me apercebi que não era do Jacob, mas do Jan.

Jan de Haan foi o fundador da “De Haske Publications”, à qual se juntaram o irmão Jacob e o belga Jan van der Roost, entre outros jovens compositores.

Em 2008, venderia a sua parte na empresa para se dedicar exclusivamente à composição e direcção.

Para além da “Overture to a New Age”, Jan de Haan popularizou-se em Portugal pela “Music for a Solemmnity” um exuberante tributo a John Williams.

Datada de 1995, esta “Abertura para uma Nova Era” fála-nos da incerteza no futuro, da consciência de que os tempos que se avizinham nem sempre são tão agradáveis como aparentam.

Uma obra em puro “estilo holandês”, com todos os ingredientes habituais: solene entrada dos metais, movimentos agitados, secção central introspectiva e final marcial.

“Em última análise, porém, a confiança e a esperança vencem, representadas por Jan de Haan numa coda brilhante. A nova era pode começar!”

Aqui fica a interpretação da Sociedade Filarmónica Alcanedense, sob a batuta de Alberto Lages, num registo Afináudio:

 

 

“La gazza ladra” – Rossini

Julho 18th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

3ª Temporada – “Qual é que vai?”

Durante muito tempo, tocar determinadas aberturas de Rossini, tipo a “La Gazza Ladra” ou “L’ italiana in Algeri”, era sinal de fraqueza. Até que o pessoal descobriu que podia tocar estas obras com o mesmo empenho de outras e perdeu a vergonha.

La gazza ladra (A Pega Ladra, em italiano… Pega… o pássaro, entenda-se) é um melodrama em dois actos com libreto baseado em “La pie voleuse”, de JMT Badouin d’Aubigny e Louis-Charles Caigniez.

Rossini era célebre, à época, pela velocidade com que compunha as suas obras, e esta não foi exceção; supostamente o seu produtor teria sido obrigado a trancar Rossini num quarto, nas vésperas da primeira performance, para que ele concluísse a abertura. Rossini então passava pela janela cada folha da obra aos seus copistas, que escreviam o resto das partes orquestrais.

(curiosamente, já ouvi esta mesma história sobre “O Barbeiro de Sevilha”)

Foi encenada pela primeira vez em 13 de maio de 1817, no Teatro alla Scala, de Milão, tendo sido revista por Rossini para performances posteriores.

Aqui fica na leitura da Banda de Antas – Esposende, dirigida pelo maestro Diogo Costa e com filmagem de Damião Silva.

 

 

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.