António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

“A Jazz Flavour” – Afonso Alves

Agosto 19th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª – Temporada – “Procura aí o papel…”

Músico, Maestro, Compositor e Pedagogo. Afonso Alves é uma figura incontornável da nossa Filarmonia.

Já escrevi esta introdução antes, mas hoje faz sentido repeti-la. Afonso Alves completa hoje mais um aniversário e a melhor forma de o homenagearmos é através da partilha da sua Música.

Felizmente, tenho uma relação de amizade com vários compositores portugueses mas, com o Afonso, essa relação é verdadeiramente especial. Horas e horas a partilhar o palco, muitas “tainadas” (a melhor parte), imensas conversas sobre Música, Filarmonia, Arte e Vida. (e até lhe dou suporte informático…)

“A Jazz Flavour” é uma das suas composições que mais aprecio, porque demonstra a sua versatilidade como compositor, sem perder a sua marca de autor.

Já a toquei várias vezes sob a direcção do próprio e sempre com uma forte componente cénica.

Quando vos faltarem ideias para reportório “ligeiro”, têm aqui uma boa opção.

E, porque não, aproveitar para relembrar as suas outras obras já aqui abordadas?

(o facto de ter tantas obras nesta rúbrica, mostra bem a proficuidade do seu trabalho)

Parabéns, Afonso! Aqui fica o teu “Jazz Flavour”, num registo da Molenaar. Certamente numa interpretação dirigida por ti. Se me ajudares a identificar a banda, agradeço.

E, como o próprio costuma dizer: “Que a Música faça sempre parte das vossas vidas!”

 

“Zola” – Luís Cardoso

Agosto 18th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

Não é um “Clássico”, mas espero que venha a ser.

Não é um “Clássico”, mas faz todo sentido partilhar, precisamente, neste momento.

Ricardo Pires, um dos solistas que podem ouvir abaixo, Saxofonista da Banda de Música da GNR, foi convidado para apresentar-se a solo com a Orquestra de Jovens da União Europeia, substituindo Jess Gillam, uma das mais reputados solistas a nível mundial.

Foi ontem, 17 de agosto, em Itália, que Ricardo Pires interpretou como solista a obra “Where the Bee Dances”, do compositor Michael Nyman.

O concerto foi dirigido pelo, internacionalmente, aclamado Maestro Vasily Petrenko e teve lugar no Teatro Comunale / Stadttheater em Bolzano.

Por isso, faz todo o sentido partilhar “Zola” de Luís Cardoso.

Duplo concertino para saxofones e banda, escrito para a Banda Marcial de Fermentelos, para a comemoração do seu 150º Aniversário, é uma obra inspirada na música de Astor Piazolla.

Sob a direcção de Hugo Oliveira, Marcial de Fermentelos, com Ricardo Pires e Rodrigo Lima, num registo Afinaudio:

 

“L’italiana in Algeri” – Rossini

Agosto 17th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

E cá estamos nós com Rossini de novo.

Depois de “Guilherme Tell”, “La Gazza Ladra” e o “Barbeiro de Sevilha”, chega a vez da abertura da ópera “L’italiana in Argeli” (Uma Italiana em Argel).

Quando penso em “Argel” penso sempre no mítico Madjer e no seu calcanhar de Viena.

Futebóis à parte, a Italiana soa tão bem em banda que até parece escrita para banda.

Ópera em estilo jocoso, narra a história de uma bela prisioneira que, vestida em estilo imperial, mas com calças largas para parecer mais árabe, foi sequestrada por terríveis berberes. Ela está tranquila, pois sabe que, graças à sua beleza, pode fazer com eles o que quiser. Coisas de mulher…

E aqui fica esta simpática abertura, ideal para uma fresca e solarenta manhã de Verão.

Sociedade Filarmónica e Recreativa de Pêro Pinheiro, dirigida por Alberto Freitas, num registo Afináudio.

 

“Paisagem Matizada” – Ilídio Costa

Agosto 16th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

Lembram-se do vosso primeiro “ganso”? A primeira vez que vestiram outra farda que não a vossa, tocaram com uma banda praticamente desconhecida, a ler quase tudo à primeira vez?

Eu lembro-me e lembro-me que, entre outras obras, toquei a “Paisagem Matizada” e: “La France”, “Marcha Eslava” e “Catorze Minutos no Parque”.

Lembro-me que foi num 24 de Abril, talvez de 1997, com a Banda de Avintes, dirigida por Lino Pinto.

Lembro-me que no final, o meu primeiro professor de Música, o Sr. António Rufino Moura (que, à época, tocava em Avintes, depois de ter deixado a banda de Crestuma) disse-me palavras inesquecíveis, mas que guardo para mim.

Revisitei hoje esta grande fantasia de Ilídio Costa. Pela memória, mas também por ter sido bastante sugerida na primeira temporada dos Clássicos Filarmónicos.

Aqui fica ao vivo, Banda da Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba – PAZÔA, dirigida por João Neves.

 

“Bellas Artes” – Aurelio Nieto

Agosto 14th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

A minha primeira época filarmónica ficou marcada por dois pasodobles / marchas de concerto: o “Fiel” (já aqui analisado) e este “Bellas Artes”. À época, os concertos da banda de Crestuma abriam com uma dessas duas obras ou, eventualmente, com a “Puenteares” (também já aqui apresentada).

Esta é daquelas que nunca mais ouvi ninguém tocar e no Youtube não encontrei qualquer registo de bandas portuguesas a fazê-lo.

É uma peça encantadora, principalmente pelo primeiro tema das madeiras e pela variação de flauta no trio, variação essa que no arranjo que tocávamos em Crestuma estava também transcrita para os primeiros clarinetes (resultado da escassez de flautas nas bandas de há 30 anos).

Aqui fica na interpretação da Banda da Escola de Música de Rianxo.

 

“Rienzi” – Wagner

Agosto 13th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

“O libretto de Wagner tem por base a novela Rienzi, O Último dos Tribunos de Edward Bulwer-Lytton (1835) e a peça teatral de Mary Russel Mitford (1828) sobre o mesmo tema. A acção desenrola-se em Roma, em meados do século XIV, e narra a senda do patriótico tribuno romano Cola Rienzi, na sua tentativa de restaurar o carácter imperial de uma Roma em decadência, libertando a cidade do jugo da nobreza corrupta que a dirigia. Apesar do sucesso inicial, Rienzi acabaria por ser excomungado pelo Papa e, finalmente, apedrejado pela populaça juntamente com a sua irmã Irene, no Capitólio que é entretanto incendiado.

A Abertura apresenta-se -nos como uma forma tradicional e é baseada nos temas da ópera. Abre num andamento lento, iniciado pelos trompetes e que anuncia um primeiro tema nas cordas, a “Prece pelo Povo de Rienzi”, de grande ênfase e lirismo. A peça prossegue à medida que toda a orquestra entra em cena, seguindo de algum modo um esquema clássico de exposição e reexposição temática, mas acenando à técnica do leitmotiv wagneriano. Uma coda de grande intensidade, baseada no tema da batalha, termina a abertura.”

in: Casa da Música

A dada altura do meu crescimento musical, as minhas tardes de domingo eram passadas à volta de vinis e K7s, com os meus amigos Hugo Oliveira e Marco Cancela, a ouvirmos, gravarmos e regravarmos muita música sinfónica, nomeadamente, Wagner.

Tornei-me um “Wagneriano” convicto, o que até teve consequências na minha aprendizagem de clarinete: “não podes tocar tudo como se fosse Wagner!”, dizia-me o professor Saul Silva.

A abertura da “Rienzi” é daqueles calhaus que, ou se toca bem, ou é melhor estar quieto. Toquei-a nas bandas de Crestuma, Avintes e Marcial de Fermentelos e é sempre bom revisitá-la, aqui na leitura da Banda de Revelhe, sob direcção de Paulo Pereira, num registo da Afinaudio.

“Virginia” – Jacob de Haan

Agosto 12th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

É lugar comum dizermos que as obras de Jacob de Haan são todas “iguais”. Não andaremos longe da verdade para grande parte delas. Estruturalmente, melodicamente e tímbricamente, há uma estética muito própria.

No entanto, para mim, há uma obra que se destaca e que toco sempre com imenso prazer.

“Virgínia” marcou as minhas últimas épocas na banda de Crestuma, assim como um período muito interessante na banda de Salreu.

O seu significado para mim é mais sentimental do que musical, no entanto, não deixa de ser a minha composição favorita da Jacob de Haan, principalmente pela avassaladora secção central.

“O estado americano da Virgínia tem uma forma triangular um tanto recortada no mapa. Isso pode ser reconhecido metaforicamente nesta composição, que lança luz sobre esse estado de três ângulos. Esses ângulos representam três períodos que desempenham um papel importante na história da Virgínia: a colonização, a escravidão e a Guerra Civil Americana.”

Aqui na interpretação da Sociedade Filarmónica de Vilarchão, sob direcção do Maestro Eduardo Carvalho, num registo Afinaudio.

 

 

 

“Danças Guerreiras, da ópera Príncipe Igor” – Alexander Borodin

Agosto 11th, 2021

CLÁSSICOS FILARMÓNICOS

4ª Temporada – “Procura aí o papel…”

Príncipe Igor, Danças Guerreiras, Danças Polovtsianas… o que quer que seja.

Falo por experiência própria: é das obras mais difíceis e arriscadas de uma banda tocar. Principalmente arriscada. Anda-se muito tempo no arame sem rede.

O arranjo mais comum é o que partilho abaixo, mas gosto muito mais de um outro que começa assim:

Confesso: para mim, esta é a dança mais espectacular do “Príncipe Igor”.

Na banda de Crestuma tocávamos essa versão, numa edição manuscrita que encontrei também quando fiz provas para a Orquestra dos Templários.

Era também o arranjo executado pela banda da Força Áerea. Fora isso, não ouvi mais ninguém fazê-lo.

Seja como for, este é um calhau daqueles e que tem tudo: melodias delicadas, solos para quase toda a gente, cavalgadas de virtuosismo e o famoso andamento onde tímpanos e bombo lutam para ver qual deles esgalha mais.

No entanto, essa secção é uma boa ajuda para a afinação de um instrumento:

Me-te!

Me-te!

Me-te!

Me-te!

Tiiiiiiiiira

Tira, tira, tira, tira, tira, tira.

JÁ ESTÁ!

(ok… passei-me…)

O final da obra é como um carro descontrolado por uma ribanceira abaixo.

Brincadeiras à parte, Borodin é um compositor extraordinário que tratava muito bem a orquestra e quando as bandas tratam bem Borodin o resultado é delicioso.

Aqui ficam as “Danças Guerreiras” na interpretação da Banda de Vale de Cambra, sob a direcção do grande Valdemar Sequeira, num registo de Damião Silva.

 

 

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.