António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

“Santana – a portrait”

Junho 8th, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 16 de Maio de 2021)

“Carlos Humberto Santana Barragán, mais conhecido como Santana ou Carlos Santana (Autlán de Navarro, 20 de julho de 1947), é um conhecido multi-instrumentista e compositor mexicano. Tornou-se famoso na década de 1960 com a banda Santana Blues Band, conhecida posteriormente apenas como Santana – mais precisamente com a sua atuação no Festival de Woodstock em 1969, onde ganhou projeção mundial.”
Obrigado, Wikipedia.
O meu professor de Clarinete, Saúl Silva, dizia que antes de começarmos a olhar para a pauta, devíamos olhar para o título, nome do compositor, para a época em que a peça foi escrita, ir ler sobre tudo isso, ouvirmos música idêntica e, só depois, começar a tocar.
Bem… eu acho que não é preciso tanto, mas seria bom que 99% dos saxofonistas que tocam isto, antes de decidirem inventar e “javardar” a peça toda, deviam ouvir como o próprio Santana toca Santana e perceber que a música dele sai do Coração e não dos dedos. A propósito disso, o concerto “Supernatural” está todinho no Youtube…. é só procurar.
De qualquer modo, a peça é boa e também eu já a javardei bastante na percussão. Portanto… hoje é Domingo e este medley, desculpem, este “portrait” fica bem a fechar o concerto da tarde, antes de irmos beber um fino para a procissão.
“Santana – a portrait” na leitura da Banda de S. Martinho da Gandra, dirigida por Hélder De Sousa Magalhães.

“Suite Alentejana” – Freitas Branco

Junho 8th, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 15 de Maio de 2021)

Um clássico filarmónico, um clássico sinfónico, um Clássico.

Freitas Branco escreveu tão bem o original, que a transcrição sai com toda a naturalidade.
E soa, como poucas, muito bem numa banda.
Paulo Veiga dirige a Banda da Póvoa neste fabuloso “Fandango” da Suite Alentejana.

“Senhora do Ó” – Rocha Martins

Junho 8th, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 13 de Maio de 2021)

Edição Extra – 13 de Maio.
Porque hoje é 13 de Maio, tinha que partilhar esta célebre marcha de Rocha Martins, icónico trompista da Banda da Trofa, que foi músico militar da GNR em Lisboa e ainda chegou a chefiar a banda do Porto já no fim da sua carreira.
É outra que faz sucesso entre clérigos e devotos, principalmente por incluir o célebre “Adeus de Fátima” na última repetição.
“Ó Fáaaaaatima, adeeeeuuuusssss…”
“Studio version” da Banda de Coimbrões, dirigida pelo maestro José Alexandre.

“La Virgen de La Macarena” – Monterde / Calero

Junho 8th, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 13 de Maio de 2021)

Vistam o casaco. Apertem as gravatas. Vamos entrar em solo sagrado.
Mundialmente conhecida e reconhecida como a “canção dos toureiros”. Podemos não ser aficionados, mas bastam as duas primeiras notas para saber do que se trata.
Obra mítica dos coretos portugueses, era o certificado de qualidade de um trompetista. Se tocasses “a Virgem”, tocavas qualquer coisa. Contratavam-se solistas de renome para isto. Durante anos travou centenas de duelos com os “Ares de Espanha”.
Apesar de creditada ao famoso trompetista Rafael Mendez (que a popularizou mundialmente), foi composta por Bernardino Bautista Monterde e Antonio Ortíz Calero. Também aparece por aí atribuída a Arturo Sandoval… (Google it).
Já me deparei com vários arranjos, sendo o mais popular em Portugal de Charles Koff.
A “Virgen” sempre teve uma aura de misticismo. A verdade, é que nem é preciso ter uma grande banda para a tocar. Só precisamos mesmo de um bom trompetista, daqueles sem medo, que se atire de cabeça. Tudo o resto é bastante acessível, desde que tocado com paixão.
Aqui fica na interpretação da Banda de Melres, dirigida pelo Professor Luís Macedo.

“God Save The Queen” – Carlos Marques

Junho 8th, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 12 de Maio de 2021)

 

E, pela primeira vez, um vídeo onde apareço a tocar! (sou o gordo cabeludo nos tímpanos)
Adiante…
Carlos Marques parece talhado para obras que mudam paradigmas. Já aqui falamos da Cassiopeia, do Manuel Joaquim de Almeida e do Português Suave. Hoje, o meu destaque vai para este medley com temas dos Queen, composto com a qualidade que a música dos Queen exige.
Lembro-me da primeira vez que o ouvi e da emoção que isto gerou até na nossa banda. A dada altura estávamos todos a cantar e a dançar no nosso palco.
Durante algumas épocas, “God Save The Queen” esteve bastante presente nas estantes. Tenho a sensação de que, hoje em dia, está um pouco esquecida, o que é pena. Como já referi antes, Carlos Marques trabalha muito bem a música “ligeira” (tenho dificuldade em classificar Queen como ligeiro) e este medley ultrapassa, largamente, muito do que importamos das editoras estrangeiras.
Aqui fica na interpretação da Banda Fórum – Filarmónica Portuguesa, dirigida por Afonso Alves.
P.S. – Quem estiver neste vídeo, identifique-se 😉

“Juízo Final” – Camille de Nardis

Junho 8th, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 14 de Maio de 2021)

“Ah e tal as tubas nunca têm música de jeito…”
“Então pega lá a entrada do Juízo Final para mostrares o que vales!”
Andamentos feeéricos, uma fanfarra apocalíptica e doces corais celestiais, com todos os naipes a serem puxados aos limites, da força, da técnica e do bom senso, esta obra expõe de forma limpinha a qualidade da banda ou, dito de outra forma, a capacidade para a tocar. Penso eu não haver meio termo: ou a tocas bem, ou nem a tiras da capa.
Uma vez dirigi isto num curso de direcção… Não tenho coragem de contar o resto. 😅
Aqui fica na interpretação da Banda de Vale de Cambra, dirigida por Valdemar Sequeira.

“Contos da Lua Nova” – Afonso Alves

Junho 8th, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 11 de Maio de 2021)

Wilhelm Marstrand, Don Quixote og Sancho Panza ved en skillevej, u.å. (efter 1847)

 

Aqui há anos, num daqueles concursos televisivos de “chefs”, um mundialmente conhecido crítico gastronómico dizia que “sabemos que um frango no churrasco é bom, quando chupamos os dedos depois de o comer.” A receita não interessa. O que interessa é o sabor.
Na Música, sabemos que uma obra é boa quando nos deixa sem palavras, quando nos emociona de todas as vezes que a tocamos, quando sonhamos com ela, quando nos faz viajar pela imaginação, quando nos deixa em lágrimas e com as pernas a tremer.
Não sei se os “Contos da Lua Nova” são já um “clássico”, mas é das obras que mais me emociona sempre que a toco. E já a toquei muitas vezes…
Não sei se é propositado ou, simplesmente, inspiração mas as melhores obras de Afonso Alves são feitas de momentos. Ou seja, estamos a ouvir e, de repente, acontece algo que mexe connosco. Um acorde, uma frase, um apontamento de um determinado instrumento, que fazem tudo o resto ganhar sentido.
Figura incontornável da nossa Filarmonia, como Músico, Maestro, Compositor e Pedagogo, o Afonso tem o mérito de procurar estar um passo à frente, fugir ao convencional e tem um grande sentido cénico e de espectáculo (algo que falta a muitos de nós: noções de cenografia). Com ele aprendi que não basta sentar os músicos no palco. Tudo deve ser pensado para quem Ouve e para quem Vê.
No dia em que o conheci, a propósito da interpretação das “Mornas e Coladeras” disse ao naipe de Percussão: “A linha entre o ridículo e o genial é muito fina.” E, a partir daí, com ele aprendi que a melhor zona para se estar é mesmo em cima dessa linha.
É verdade que não podemos andar com um coro atrás de nós nas romarias, mas a obra também resulta bem na sua versão instrumental. Agora, se tiverem oportunidade de lhe meter o coro… façam-no, porque as palavras dão outra força à Música.
Aqui fica a arrepiante interpretação da Banda Alvarense com o Orfeão do Porto, Orfeão de Valadares, Orfeão da Foz do Douro, Orfeão Municipal da Maia, Orfeão da Portugal Telecom (Zona Norte), Orfeão da Paróquia da Foz do Douro e Orfeão de Recardães, dirigidos pelo próprio compositor.
“Hoje a Lenda está viva, em quem recorda os Contos da Lua Nova.”

Glossário Filarmónico – I Capítulo

Junho 5th, 2021

Aperta

Indicação de afinação dada a clarinetistas que já não têm mais por onde meter.

 

Boa

Expressão de júbilo do público ao ouvir uma peçada;

Incentivo do colega de naipe quando mandas uma nota ao lado;

Pessoa do sexo feminino que distrai filarmonico do sexo masculino nas procissões. 

 

Cerveja

Bebida isotônica.

Desinibidor de solos.

Principal destino do dinheiro do cachet.

 

Dirigir

Aquilo que era suposto os maestros fazerem

 

Esgalhar

Tocar com paixão, intensidade, de forma arrebatadora.

 

Forte

Intensidade minima dos trombones.

 

Gaitada

Acto ou efeito de tocar.

Nota acidental numa pausa, compasso de espera, ou quando a outra banda está a tocar.

 

Há algum sítio onde se coma?

Quem não é para comer, não é para tocar.

 

Igreja

Edificio de culto religioso cristão destinado a servir de rotunda às bandas.

 

Já é para montar o instrumento? Já é para ir para o palco? Já podemos ir embora?

Eternas dúvidas de quem nunca ouve o que o Maestro está a dizer.

 

Leitura

Fase do ensaio em que podes meter nojo à vontade. “Estamos só a ler.”

 

Maestro

Funcionário da banda que dá a indicação para o início e término das peças. Responsável por informar os horários. 

 

O (salta ao…)

Sinalética que existe em algumas obras, principalmente marchas, para atrapalhar a leitura da pauta. Responsável por muitas catástrofes. 

 

Pianissimo

Intensidade mítica. Não é avistada desde Alcácer Quibir.

 

Quem me arranja um cigarro?

Há sempre um crava nas bandas,

 

Repetição

Tipo o O mas mais fácil de ler. Igualmente catastrófico. 

 

S (vai ao)

Costuma aparecer antes do O. Catastrófico 

 

Tutti

Forma peneirenta de dizer “Todos”. Eu disse, todos. 

Normalmente, quem usa “tutti” para “todos”, usa “da capo” para “vai do início”.

Até parece que as bandas estão cheias de italianos…

Antigamente, “tutti” era sinónimo de “bombo e pratos”. E um sabor de iogurte.

 

Vamos beber um fino?

Quando o colega está preocupado com a tua hidratação ou com o teu à vontade nos solos do concerto da tarde.

 

Xutos Medley

Hora de esgalhar!

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.