António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.

“Romanesco” – Luís Cardoso

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 16 de Junho)

À medida que esta rúbrica foi crescendo, apercebi-me que alguns “mitos” sobre o reportório filarmónico, ou para orquestra de sopros, podiam ser quebrados.
Um deles é este:
Sabes, o Luís Cardoso tem outras obras para além dos arranjos de música pop/rock.
Oh… mas são difíceis e não dá para tocar numa festa ao ar livre.
Então peguem lá o “Romanesco” digam lá a vossa opinião.
A minha relação com esta obra foi de amor à primeira vista, sem saber que era uma obra descritiva, eu que gosto bastante de obras descritivas.
Da edição de autor:
“Romanesco é um Poema Sinfónico que procura retratar uma narrativa épica das guerras medievais entre mouros e cristãos. Inicia-se com o cantochão dos monges no convento, dentro das muralhas, interrompido pela chegada dos mouros, que, disfarçados de jograis, entram na muralha e provocam uma batalha. Na secção central Adagio Elegiaco, o herói anónimo percorre a vila, sofrendo com a destruição. Sempre com base nos temas centrais representativos de cristãos e mouros, desenvolve-se na secção final uma nova batalha. Na obra predomina um ambiente modal e polirrítmico, característico da música medieval.”
Aqui na interpretação da União Filarmónica Troviscal, dirigida por Andre Granjo:

“Arquipélago” – Antero Ávila

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 15 de Junho)

Já sabem que sou um paladino assumido das obras de Antero Ávila.
Para quem gosta de explorar as diversas sonoridades que se podem obter dos instrumentos, de modo a criar ambientes, reprodução de sons da Natureza, ou efeitos diversos, tem aqui uma boa opção.
No seu “Arquipélago”, Antero Ávila recria os sons e ambientes de um cais, algures nos Açores. As ondas, o mar, o vento, a chuva, o som do barco a acostar ao ancoradouro…
E depois disso, toda a lírica tão característica do compositor açoreano, assim como o arrojo na orquestração, as mudanças de tempo, a alternância entre a calma e a inquietude, entre a pujança e a singeleza, as penetrantes linhas melódicas.
É uma obra que, tecnicamente, não é difícil, mas não pode ser tocada de qualquer maneira. Requer muita introspecção e saber aceitar a viagem que a música de Antero Ávila nos propõe.
É arriscado tocá-la ao ar livre, mas é uma jóia de auditório.
De realçar que esta obra teve um upgrade, com o acrescento de uma estrondosa parte coral, especialmente escrita para o concerto da Banda Fórum – Filarmónica Portuguesa na Casa da Música, em Novembro de 2009.
A gravação que hoje partilho, remonta aos tempos em que o Youtube tinha limitações de carregamento e, por isso, está em duas partes.
Banda Fórum – Filarmónica Portuguesa, sob a direcção de Afonso Alves, em Maio de 2008, no Centro Cultural da Branca.
Parte 1:
Parte 2:

“Abertura para o Gil” – Jorge Salgueiro

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 14 de Junho)

Quem olha para o simpático e fofinho boneco, mascote da Expo 98, está longe de o associar a uma obra tão impactante como a abertura escrita por Jorge Salgueiro em sua honra.
Obra ainda do século XX, mas com os dois pés no século XXI, escancarou-nos as portas da grandiosidade da escrita de Salgueiro, sem medo das intensidades, de esticar as tecituras dos instrumentos, ou de introduzir um solo de baixo eléctrico pelo meio.
A “Abertura para o Gil” é daquelas que põe o sangue a explodir nas veias.
Versão para banda estreada pela Banda da Armada Portuguesa, maestro Araújo Pereira Palmela, janeiro de 1998.
Versão para orquestra estreada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, maestro Álvaro Cassuto, Lisboa, março de 1998.

“Zamora 1143” – Nelson Jesus

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 13 de Junho)

Pensavam que me tinha esquecido?
Aqui está a obra de hoje, dia em que tenho o trabalho muito facilitado pelo próprio compositor:
“A peça que vos deixo hoje foi possivelmente a que escrevi mais depressa. Tinha acabado de enviar a partitura de “Porto de Saudades” para um concurso e, com fortes convicções sobre essa, decidi não enviar a mesma peça para o concurso vizinho. No entanto, durante uma guarda de honra, uma entrada algo inusitada no nosso hino nacional, fez luz sobre as minhas ideias e mal cheguei a casa comecei a esboçar algumas variações que são encontradas nesta peça. Em três semanas estavam a partitura e partes prontas para envio e o prémio veio confortar o esforço.
Zamora 1143, Op. 21 é um poema sinfónico baseado na História de Portugal onde podem escutar nas quatro notas iniciais dos timpanos o verso “Heróis do mar…” onde se pode sentir o ambiente medieval do torneio de arcos de valdevez e onde o terceiro andamento recria a batalha de Ourique numa violenta fuga a 13/16 que tem afastado os compradores desta peça!
Vencedora do Prémio Inatel/Banda Sinfónica do Exército e eleita para o Top 20 da Imms Portugal, foi estreada pelo capitão Artur Cardoso e pela Banda Sinfónica do Exército e gravada pelos mesmo intérpretes pela Afinaudio.”
“Zamora 1143” por Nelson Jesus, na interpretação da Banda Sinfónica do Exército, dirigida por Artur Cardoso.
P.S. – 13/16, Nelson???? Que raio te passou pela cabeça????

“Fantasia do Minho” – Afonso Alves

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 12 de Junho)

Primeira peça portuguesa de concerto, virtuosa, para bombardino, composta por convite da “Besson Brass Instruments” pertencente ao grupo “Boosey & Hawkes” e Cardoso Conceição, interpretada por Steven Mead.
Na sua “Fantasia do Minho”, Afonso Alves foi desafiado a criar uma composição realmente difícil. A verdade é que ainda ninguém a executou com o “à vontade” que Mead fez. Ele próprio disse que era uma obra tecnicamente complicada e ao mesmo tempo muito expressiva, pois o compositor tinha captado muito bem o espírito etnomusical do nosso país e já se sentia em Portugal quando estudava a peça.
Mais tarde, a obra foi adaptada para ser executada em trompete por Jorge Almeida Lourenço Sousa.
Já tive a sorte de tocar as duas versões e isto é difícil… não só para os solistas como também para a banda.
“Fantasia do minho”, de Afonso Alves, para bombardino solo e banda, com Steven Mead no bombardino, Banda Alvarense, sob a direcção do compositor.

“Fanfarre Overture” – Lino Guerreiro

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 11 de Junho)

Conheci esta obra na Banda de Souto, onde a toquei por diversas vezes. Para desenjoar de pasodobles, ou marchas de concerto, é uma boa opção para abertura de actuações.
Gosto bastante, cai bem. Podia ser a banda sonora de um filme da Guerra das Estrelas, ou de super-heróis.
Escrita por Lino Guerreiro, que nos tem dado material bem interessante nos últimos anos.
Aqui na interpretação da Banda de Vimioso, sob a direcção de Ana Cavaleiro e com gravação da Afinaudio.

“Caminho para a Índia” – Samuel Pascoal

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 10 de Junho de 2021)

Nos dias de hoje, é quase um “crime” festejarmos o Dia de Portugal. Parece que devemos ter vergonha da nossa História e ocultar o nosso orgulho enquanto Nação.
Parece…
Mas como ainda penso pela minha cabecinha, o CLÁSSICOS FILRMÓNICOS assinala o Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portugueses com “O Caminho Para a Índia” de Samuel Pascoal, compositor e maestro com quem me cruzei num curso de Direcção, na Banda de Gondomar, aqui há uns anos
“Obra inspirada na viagem de Vasco da Gama à Índia, retratada na epopeia “Lusíadas” de Luíz de Camões. Escrita em 5 partes diferentes, ilustra as vicissitudes e as alegrias vividas a bordo de um navio, nesta que foi uma das muitas viagens épicas dos descobrimentos portugueses.”
Toquei esta obra algumas vezes na Banda de Souto e, durante algum tempo, foi bastante tocada por aí. Hoje é um bom dia para a recordar.
Bom feriado a todos!

“Freitas” – Luís Cardoso

Junho 22nd, 2021

(texto inicialmente publicado no Facebook, a 9 de Junho)

Gosto tanto desta obra, que nem sei o que dizer sobre ela.
Lembram-se de quando, na primeira temporada, falei das espanholadas?
Aqui fica uma das minhas favoritas, escrita já em pleno século XXI e dedicada a um minhoto de gema.
O som, o timbre, a força..
E isto resulta tão bem em concerto, em arraial, no concerto da tarde, no da noite e, se não me falha a memória, até já toquei isto de manhã.
Conheço bem a partitura, dado que o Prof. Luís Macedo “obrigou-me” a analisá-la e a estudá-la. Longas tardes a dirigir isto em frente ao espelho…
Como diz o Paulo Veiga, Luís Cardoso sabe usar a banda muito bem. Olé!
“Freitas”, dirigida pelo próprio Freitas, ao vivo, na Casa da Música (este concerto foi qualquer coisa de magnífico…).

António Pinheiro

Profissional de marketing, músico e corredor por prazer. Corre na estrada, no monte e de um lado para o outro na vida, atrás e à frente dos filhos.