CLÁSSICOS FILARMÓNICOS
4ª Temporada – “Procura aí o papel…”
“A opinião formada pela crítica e pelo público, de que o Capriccio é uma peça magnificamente orquestrada – está errada. O Capriccio é uma composição brilhante para a orquestra. A mudança de timbres, a escolha acertada de desenhos melódicos e padrões de figuração, adequados exatamente a cada tipo de instrumento, breves cadências virtuosas para instrumentos solo, o ritmo dos instrumentos de percussão, etc., constituem aqui a própria essência da composição e não a sua orquestração. Os temas espanhóis, de caráter de dança, forneceram-me um rico material para a aplicação de efeitos orquestrais multiformes. Em suma, o Capriccio é, sem dúvida, uma peça puramente externa, mas vividamente brilhante por tudo isso. Teve um pouco menos de sucesso na sua terceira seção (Alborada, em si bemol maior), onde o metal de alguma forma abafou os desenhos melódicos dos instrumentos de sopro; mas isso é muito fácil de remediar, se o maestro prestar atenção a isso e moderar as indicações dos graus de força nos instrumentos de metal, substituindo o fortissimo por um forte simples.”
(Nicolai Rimsky-Korsakov, na sua autobiografia)
Não sendo eu um especialista nestas coisas e fazendo uma análise puramente de senso comum, o sucesso que o “Capricho Espanhol” (no título original em russo: “Capricho sobre temas espanhóis”) tem, não só nas bandas, mas no ambiente sinfónico em geral, decorre do trabalho que o compositor entrega aos sopros e à percussão. Logo, torna-se de imediato uma obra passível de transcrição, apesar do desafio colocado pelas partes de harpa e violino.
Pergunta: é só a mim que o primeiro tema faz lembrar mais um Corridinho (ou um Malhão em excesso de velocidade), do que propriamente uma espanholada qualquer?
É segunda-feira e eu dormi mal, não liguem.
“Capricho Espanhol”, pela Banda Marcial de Fermentelos, dirigida por Hugo Oliveira, um registo de Damião Silva.
Boa semana a todos.