(texto inicialmente publicado no Facebook, a 28 de Maio de 2021)
Pum – pum – pum
Pum – pum pum – pum
É uma rapsódia, mas podia não ser. Podia ser um poema sinfónico sobre temas tradicionais portugueses.
A forma como os temas se sucedem, as harmonias (os arrepios que aquelas sétimas dão), os contrapontos, a orquestração, a escrita rendilhada para a percussão (sem simplesmente colocar pandeiros a dobrar a caixa) e o “Milho Verde”… O “Milho Verde” é, a meu ver, um brilhante exercício de orquestração (e uma delícia para quem toca triângulo). Aliás… podíamos isolar o “Milho Verde” do resto da obra e tocá-lo sozinho.
“Canções da Tradição”, obra “top” na última década, é o exemplo de como se pode inovar numa rapsódia, sem que os temas percam o carácter tradicional português. É Luís Cardoso a mostrar-nos que, ao contrário do que postulam certos eruditos, a música tradicional é rica harmonica e ritmicamente. Mas é preciso saber fazer… e o Luís sabe.
Pode haver quem olhe para as “Canções da Tradição” com um certo desdém “ah… não tem nada de especial”, se não tivesse “nada de especial” seria tão tocada?
Aqui fica tocada num coreto, pela Banda de Amares, dirigida pelo meu amigo António Ferreira.
Bom fim de semana!