No célebre fórum do, ainda mais célebre, site www.bandasfilarmonicas.com, foi lançado um tópico de discussão sobre “O mito das festas com noite”.
Para quem está pouco familiarizado com a terminologia filarmónica, festa com noite (ou noitada), como o próprio nome indica, é um serviço que inclui um concerto nocturno, geralmente, com duas bandas em “despique”.
A minha participação nesse tópico foi a seguinte:
“Para além do que o Leitão disse e com o qual concordo plenamente, gostaria de referir importantes aspectos, tais como:
As pessoas que começam a sair à rua depois de jantar, aproveitando os últimos raios de sol.
As luzes das ornamentações do arraial.
A igreja iluminada.
As jovens moçoilas todas contentes por “saírem à noite”.
Os galifões com mau gosto para vestuário, sempre prontos a pagarem uma voltinha nos carrinhos de choque.
A música gravada que passa naqueles altofalantes ranhosos.
O “bora lá pedir a conta, se não ouvimos bronca do Maestro”.
Em resposta: “alguém tem que beber esta garrafa até ao fim”
As barracas de brinquedos, pipocas e artigos contra-feitos.
Os músicos que vão chegando aos palcos, segurando o casaco sobre o ombro.
As primeiras notas que se ouvem no palco.
A afinação.
Os velhotes que perguntam: “a que horas as músicas começam a tocar?”
O concerto non-stop.
O fogo de artíficio
A despedida…
A moca de sono no outro dia de manhã…
Recordações piturescas dos concertos nocturnos. Recordações agradáveis. Recordações que me prendem à vida filarmónica.
Por estas e por outras é que as festas com noitada tem outro sabor.
Eu adoro os concertos à noite!
Pessoalmente, não sinto o cansaço: já duas refeições passaram por mim, mais a dura procissão que pede sempre algo gelado no fim… com tudo isto, um gajo chega ao concerto da noite anestesiado 😀
Ah! E os melhores concertos que fiz, musicalmente falando, foram praticamente todos à noite”.