O processo “Apito Dourado” está transformado numa caça com o único objectivo de destruir um homem, um clube e uma região.
Um homem que transformou um “clube provinciano” no maior expoente do futebol português dos últimos 35-40 anos. Reparem que já não falo nos tradicionais “20 anos”… consultem a história, somem os títulos nacionais e internacionais conquistados e vejam quem é o melhor.
De facto, ainda faz muita confusão que o “pequeno” FCP consiga mais e melhor que o mítico SLB. Agora, como nunca, a expressão “mítico” faz cada vez mais sentido. Mítico, porque continua a viver à sombra do passado, um passado glorioso mas também sombrio, em que a protecção do Estado Novo, materializada na águia imperial fascista que encima o emblema do clube, levou o clube de um pequeno bairro de Lisboa tornar-se num símbolo nacional.
Mítico, porque apesar de ser o maior em número de adeptos, desportivamente está longe daquilo que, eventualmente, a sua história e os seus apoiantes merecem.
O SLB é um mito.
Contudo, a sociedade portuguesa em geral, continua a mistificar esta decadente instituição, procurando descredibilizar os feitos desportivos do FCP, com suspeitas, calúnias e ataques constantes.
Não sou ingénuo ao ponto de acreditar que o Sr. Pinto da Costa é um “santinho”, mas não me acredito que seja o único com as mãos sujas no futebol português, nem me acredito que as conquistas inigualáveis do FCP se devam, única e exclusivamente, a jogos de bastidores.
Depois do início do “Apito Dourado” nunca as equipas de Lisboa foram tão beneficiadas a nível da arbitragem. Só esta época, o SLB passou a eliminatória de uma competição graças a um erro grosseiro do árbitro e, ainda ontem, quando um jogador do Vitória de Setúbal se preparava para marcar o 2-1, o árbitro decidiu… terminar o jogo.
Já para não falar na forma como o SLB conquistou um campeonato há duas épocas atrás, ou a forma discriminatória como são tratadas sanções disciplinares a jogadores do FCP e de outros clubes (recordo aqui como Paulinho Santos foi castigado depois de ter agredido João Pinto, em comparação com a impunidade com que Katsouranis passou depois de ter partido uma perna a Anderson).
Contudo, apesar de óbvios e de saltarem à vista de qualquer pessoa de bom senso, estes casos não são investigados, nem ninguém fala de um apito “avermelhado”. Fechamos os olhos, assobiamos para o lado e continuamos a atacar o FCP.
No fundo, o problema reside no estigma nortenho do FCP. A sociedade portuguesa, ainda dominada pelo elitismo sulista, continua a não aceitar que um clube do Norte seja o melhor; continua a tratar com desprezo, ódio e inveja aqueles que tiveram que sofrer para vencer; continua a maltratar aqueles que nunca tiveram nada de mão beijada.
O “Apito Dourado” vai muito além da realidade desportiva. É ainda a prova cabal de que, para muita gente, “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”.