Desde o mítico “Canoa’s Bar” que Crestuma não dispunha de um espaço regular de música ao vivo.
Em Janeiro de 2006 esse espaço chegou com a abertura do Canto D’Areia Bar, pelas mãos do Indalécio Paiva – “Indy” para os amigos.
Semanalmente, novos grupos, tributos, grupos em início de carreira ou, simplesmente, animadas “Jam Sessions”, foram atraindo ao Canto centenas de apreciadores de música… de boa música.
O aspecto musical, aliado ao companheirismo entre os clientes habituais, regado por uma cerveja geladinha e acompanhado por deliciosas Francesinhas e Maratonas, tudo isto tornou o Canto num espaço de culto do eixo Gondomar-Gaia Nascente.
Pelo Canto, passaram músicos dos mais diversos quadrantes, do Rock ao Clássico, do Gospel ao Metal, do Alternativo ao Fado. Todos eles deixaram a sua marca e todos eles levaram no coração deliciosas recordações daquela bela varanda sobre o Douro.
Neste Canto, para além de longas horas bem passadas entre verdadeiros amigos, descobri uma nova faceta musical, talvez aquela pela qual eu mais ansiava desde miúdo.
Descobri a minha liberdade musical, descobri que a música vai muito além de pautas e convenções, teorias e solfejos. A música ultrapassa os matemáticos mecanismos dos instrumentos. A música é coração, é alma, é feeling, é fechar os olhos e voar nos sons que tu próprio crias.
Nesta caminhada de descoberta da minha música e de mim próprio, fui guiado por duas figuras que agora fazem parte da minha vida. Dois grandes irmãos, amigos, músicos, companheiros, com os quais aprendi muito, continuo a aprender e sei que ainda me têm muito para dar: o Indy Paiva e o Nuno Zuka.
Apesar do Indy dizer que eu sou o seu “guru”, são eles que me guiam por caminhos que antes nunca tinha trilhado.
A química entre nós é indescritível e o nosso sonho ainda agora está a começar.
Contudo, por ironia do destino, numa altura em que o Canto atingia, em minha opinião, o seu auge, o ciclo fecha-se e o meu irmão Indy parte para outras paragens.
Ontem, viveu-se uma noite memorável. Ao som dos Beatles, os ZiP despediram-se do palco do Canto numa união visceral com o público. Ontem, os ZiP e o Público foram um só. Palmas, gritos, coros “all together now” culminaram num emocionado “Imagine” que garantiu que, a noite de ontem, não foi um “Adeus”, mas um “Até breve…”
Já temos uma nova casa. Chama-se “Indycat Piano Bar” e para alguns está cinco minutos mais perto, para outros está cinco minutos mais longe.
Será uma versão upgrade do Canto e temos a certeza que muitos belos momentos estão para chegar.
Contudo, sinto pena pela minha terra perder este espaço.
Muitos jovens de Crestuma estavam a acordar para a música (para a boa música) no Canto.
É mais uma oportunidade desperdiçada.
Mas como nestas alturas prefiro agarrar-me aos aspectos positivos, resta-me apenas dizer:
Adeus Canto D’Areia… Olá Indycat Piano Bar!
Comments
3 Comments
RSS