Será a dor que sinto no corpo, apenas dor?
Ou será a saudade, a distância, que infligem ao meu corpo as dores da alma?
Às voltas na cama, banho-me nas minhas próprias lágrimas, que caem sem saber porquê…
E procuro-te… mas tudo é escuro.
Então surge a tua voz… também ela carregada de dor, mas que me acalma por instantes.
É curto esse momento. Porque depois vais… E continua o meu suplício, longo suplício até aquele momento em que toda a dor se esbate no teu olhar.
Eu sei que falo demasiadas vezes no teu olhar… mas só ele atenua a dor do meu corpo. Só ele me faz sentir que há um mundo.
E quando sorris?
Então, aí, é a plena felicidade… e pode doer-me tudo, que não quero saber de mais nada.
Tens esse triângulo mágico: os diamantes dos teus olhos e as pérolas do teu sorriso. Analgésicos infinitamente poderosos, que fazem o meu coração saltar, querer explodir de alegria.
E então a dor não existe mais… Mesmo que ela esteja lá… que interessa, se tu sorris para mim?
Se tu olhas para mim com esse ar… e eu rendo-me, prostro-me, caio a teus pés e entrego-me sem condição.
Leva-me nos teus braços, acolhe-te em ti, recebe-me!
Mas, no entanto, até que esse curto momento chegue, a dor não passa e as lágrimas não me abandonam, como a chuva que cai lá fora.