O meu filho mais novo, Eduardo, perguntou-me se acredito em Deus. Respondi que cada vez acredito menos.
Citando Neil Tysson de Grasse, “se Deus existe, não é infinitamente bom ou, não é infinitamente poderoso. Basta olhar à nossa volta.” É evidente. As duas qualidades nunca acontecem em simultâneo.
Se existe, Deus é travesso e perverso. Podemos mesmo dizer que é mau! Basta olhar à nossa volta. É evidente.
A este meu desencanto com o Divino, junta-se o meu desencanto com a Igreja Católica e as suas estruturas.
Batizei o Eduardo, mas nem pensei em mandá-lo para a Catequese. Prefiro vê-lo a praticar Desporto ou, tão simplesmente, a brincar com o irmão.
Quando o Lucas, o meu filho mais velho, tomou a decisão de abandonar a catequese, apoiei-o a 200%.
Para serem boas pessoas, solidários, fraternos, não precisa da Igreja. Aliás, na Igreja, na Igreja que conheço, correm o risco de aprender o contrário: a vaidade, a mesquinhez, a hipocrisia.
Continuo a gostar da Bíblia.
Para lá das guerras, do incesto, das leis absurdas aos olhos do nosso Tempo, há também mensagens bonitas, que muita gente (nomeadamente, na própria Igreja) ignora. “Reza no silêncio do teu quarto e não em público, como fazem os hipócritas.”
Continuo a gostar de, de vez em quando, ir tocar numa Missa. Porque gosto de Música, não porque goste de Missas, principalmente as Missas de hoje em dia, rituais banais, pobres, com muito folclore e pouco espaço para a meditação, a contemplação e, acima de tudo, a elevação da Alma ao Divino.
As Missas, principalmente as com crianças ou jovens, tornaram-se “festinhas”, organizadas como se fossem um “Chá de Bebé”, ou uma “tainada” entre amigos.
O Eduardo diz que acredita em Deus. E está tudo bem. Ele fará o seu caminho.
Eu prefiro acreditar que o Bem e o Mal só dependem da consciência de cada um e não de uma entidade omnipotente, omnipresente e omnisciente que, a existir, nunca mostrou ser as três coisas em simultâneo.
Como diria Ricardo Araújo Pereira, “se Deus existe, como se explica a Ala Pediátrica do IPO?”
Que Deus omnipotente e bondoso, deixa que crianças inocentes morram de cancro, bombardeadas na Palestina, à fome em África, ou num tsunami na Ásia?
“São os seus desígnios!” gritarão os mais fervorosos. Desígnios de um Deus malvado, digo eu.